A propósito dos factores de crescimento económico

Ao dar uma aula sobre factores de crescimento económico lembrei-me de comparar as economias portuguesa e irlandesa, a segunda como paradigma de caso de sucesso.
Os factores de crescimento indicados no manual são o alargamento dos mercados interno e externo, o investimento e o progresso técnico.
Ora é indubitável que Portugal beneficiou da entrada na CEE/UE a partir de 1986, apesar da abertura de fronteiras vir a ser feita desde a entrada para a EFTA. A Irlanda está no espaço europeu desde 1973, se a memória não me falha, pelo que este factor já estava explorado nas décadas de oitenta e noventa.
Portugal após 1986 beneficiou dos fundos comunitários que canalisou para o investimento. Mas o investimento tem várias componentes, as infraestruturas, o investimento produtivo e o investimento em recursos humanos. Ora Portugal previligiou nas décadas de oitenta e noventa o investimento em infraestruturas, enquanto os irlandeses apostavam na valorização dos recursos humanos e na atracção de investimento estrangeiro (através da política fiscal: impostos mais baixos).
Estas diferentes estratégias resultaram em diferentes taxas de crescimento, mais elevadas para Irlanda (6,8% entre 1990 e 2002) e pouco mais de metade para Portugal(cerca de 4% no período entre 1986/1995, porque depois foi ainda pior).
Quanto ao progresso técnico este depende da introdução de novas tecnologias e da capacidade de inovação. Quanto à introdução de novas tecnologias reconheço no actual governo um dos pilares da sua política, mas cujos resultados só aparecerão a prazo. Sobre a ID pouco mais há dizer a não ser que Portugal tem das mais baixas percentagens do PIB, pelo que em relação ao progresso técnido, parece não ser o factor decisivo nesta comparação.
O sucesso relativo da Irlanda em relação a Portugal parece assentar na aposta no capital humano e na atracção de investimento estrageiro, enquanto por cá se seguia a política do betão.

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