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A mostrar mensagens de outubro, 2012

A batalha europeia e o ajustamento português

A hipótese de vermos o programa de ajustamento alterado passa pelo debate na Europa que tem como protogonistas principais a Merkel e o Hollande. Não tenhamos dúvidas só se a Europa mudar de política é que podemos esperar um novo processo de ajustamento que leve em conta a necessidade de haver crescimento económico. Vejamos então qual é a diferença de propostas entre as duas teses em confronto. Hollande propõe os eurobonds , ou seja a mutualização de uma parte da dívida dos países, o que significa o acesso a crédito a juros mais baixos. Se parte da dívida portuguesa fosse mutualizada, entre 20 a 30 % - sempre abixo dos 60%, regra da Europa -, em vez de juros altos acima de 4%, teriamos juros entre 1 e 2 % para parte da dívida (previsão minha). Isto aliviaria os juros portugueses em cerca de 1 a 3 % em % do PIB (lembremos que 1% do PIB corresponde ao corte de um salário aos funcionários públicos). Merkel não aceita esta solução, vai pelo reforço dos poderes da UE, com o veto da comi

O principal pecado do OGE 2013

Já é o 3º post que faço sobre o OGE para 2012, no primeiro denunciava o rigor do orçamento para os rendimentos do trabalho e a complacência para os outros rendimentos (capital). No segundo, refletia sobre o erro clamoroso das previsões do impacto de cortes na receita no consumo e produto do país (decalarações recentes de ex-ministros vão no mesmo sentido: Ferreira, Leite, Bagão Félix). Neste terceiro vou falar da crise política que pode estar subjacente a este orçamento. A crise política não está relacionada com os silêncios do CDS, quebrados hoje por um comunicado que defende o orçamento em nome da viabilidade do país, mas com a crise social que se adivinha com o presente orçamento, quer devido ao aumento da pobreza, quer porque o governo ataca sobretudo a classe média. Ora, um país sem paz social está necessariamente em crise política num regime democrático . Mesmo que o governo não caia é evidente que se vão começar a notar mais tiques totalitários como forma de controlar o desc

A mea culpa do FMI

Tem sido notícia esta semana um relatório do FMI que diz que este organismo se enganou nas previsões dos efeitos da austeridade sobre a economia , pois trabalhava com a relação 1 para 0,6, em vez da real que vai de 1 para 0,9 pelo menos, podendo atingir o valor de 1,7. Bom no caso português isto provocou uma descida das receitas em cerca de 1% do PIB - o equivalente a um subsídio cortado na administração pública-, conforme dados do ministro das finanças, que agora temos de compensar. Nesta notícia o que me espanta é o governo português não ter estudos para o país e ter trabalhado com os calculos do FMI. Mas mais importante nos relatórios recentes do FMI é o reconhecimento de que os ajustamentos têm só olhado para a austeridade e ignorado a perspetiva de crescimento das economias, o que tem provocado impactos negativos na coesão social . Depois desta mea culpa não se percebe a insistência na formula da austeridade , com um brutal agarvamento de impostos para 2013, além de que a marge

O PEC X ou o Orçamento para 2013

Depois do PEC IV que levou à queda do governo do PS chefiado por Sócrates, já devemos ir no PEC X , sempre com mais austeridade, que provoca crescimento negativo, que gera diminuição de receitas, que por sua vez exige mais austeridade...é o chamado circulo vicioso . Quem cai nele, como aconteceu com a Grécia entra em período de convulsão social, o que agrava mais a crise ao juntar à crise financeira uma crise política e social. Em Portugal caminhamos para este patamar... Na explicação dada pelo Gaspar, este PEC além da continuação do ajustamento necessário para cumprir as metas (revistas) têm de compensar em mais de  1% a queda das receitas devido à crise económica, ou seja o equivalente a um subsídio dos funcionários públicos (o que já traduz o impacto do ciclo vicioso). O governo passou da visão neoliberal para uma visão de cariz social democrata , mas de direita, ou seja, passa a haver sacrifícios para o capital, mas mais leves do que os sacríficios pedidos aos trabalhadores, qu