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A mostrar mensagens de abril, 2016

A alteração das regras de redução do défice

As atuais regras de redução do défice incidem sobre o défice estrutural , que é um conceito complicado, pois leva em conta os movimentos cíclicos e as receitas e despesas extraordinárias. No caso português deverá haver uma redução de 0.6% do défice estrutural este ano. A alteração desta regra é apresentada em termos de transparência para a opinião pública apontando-se para um indicador mais simples e direto, como a redução da despesa pública . Mas esta argumentação não me convence, pois o critério em vigor é mais flexível, pode ser alcançado ou pela despesa ou pela receita (o aumento brutal de impostos do governo anterior teria de ser substituído, por mais cortes na despesa, salários, pensões, educação e saúde). O que perde flexibilidade são as políticas orçamentais e fiscais nacionais , tornando-se a regra mais impositiva (por parte da comissão) ao ser mais rígida, pois só alterações na despesa serão elegíveis . Esta rigidez só faz sentido para os puristas da redução do peso do E

A pressão para o salário mínimo não subir ou a imposição de um modelo de desenvolvimento.

Os últimos documentos da UE e do FMI vêm ambos c olocar em causa a recente mudança de política encetada por este govern o e voltam a clamar por mais reformas, salários baixos, cortes na segurança social, ou seja, a mesma receita do período da troika que este governo mudo u. Desta receita, um destes documentos realça a necessidade de o salário mínimo não subir além de criticarem a subida de 15 euros do início do ano. Voltámos, pois, à tentativa de imporem a Portugal um modelo económico baseado em salários baixos, a tal Califórnia europeia sem indústria de cinema . Mas será que os portugueses querem um país de serviços, de trabalho indiferenciado, com salários baixos? A maioria dos portugueses escolheu um outro programa de desenvolvimento, criação de valor acrescentado, com base no conhecimento e na ciência, que permita exportar mais produtos de tecnologia da gama superior à média , ou seja da gama alta de preferência. Para este modelo não interessa nada haver salários baixos, pois o

A criação de um banco mau para o crédito mal parado

A ideia foi de Costa, o outro Costa secundou o primeiro, os bancos rejubilaram. Como vai ser para o contribuinte? Não é fácil dar uma resposta a esta questão, mas deve haver impacto no défice e na dívida. Vejamos, cria-se uma instituição para comprar o crédito mal parado. Desde logo é preciso recursos financeiros para o capital, no caso italiano foram em parte privados e em parte estatais. Se houver dinheiro público há desde logo impacto nos contribuintes, se for da associação de bancos, como a Caixa entra, haverá também dinheiros públicos. Os créditos são vendidos a desconto, como aconteceu com o Banif, onde os ativos foram transferidos com cerca de 1/3 do seu valor, ou seja desvalorizaram 2/3. Se os créditos ultrapassarem o valor do capital da instituição pode ser exigido ao estado que garanta o crédito a obter para financiar as compras de crédito mal parado. Haverá sempre um impacto nas contas públicas. Mas esta operação justifica-se? Resolver o problema bancário para a economia

A propósito dos panama papers

A vinda a público de dados sobre o uso de paraísos fiscais, nomeadamente no Panama, merece uma reflexão sobre a justeza da sociedade capitalista. Como se sabe Adam Smith escreveu duas obras a Riqueza das Nações e um tratado sobre ética e desde então a economia aparece como uma ciência em que se desliga os resultados económicos da ética. Explicando melhor, se há lucro é porque o capital tem a produtividade marginal correspondente, não interessando nada se esse lucro é obtido à custa de trabalho infantil, ou de trabalho muito extenso, de 12 horas. As questões éticas são discutidas à parte separadas das questões económicas. A tentativa de separar as questões económicas das questões sociais continuou na ciência económica dominante , mesmo que de vez em quando apareça alguém que não as separa. Este caso do panama papers prova a hipocrisia de muito poder, quando pede sacrifícios aos trabalhadores para se implementar uma política de austeridade, com aumento de impostos, mas criam-se mecani