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A mostrar mensagens de 2013

leituras recomendadas

Ando a ler, por necessidade de atualização, os livros de Krugman e da mulher sobre micro e macro. Achei os livros de uma leitura fácil principalmente porque introduz e aprofunda a teoria com exemplos, o que torna a leitura muito interessante. Recomendo-os, pois, a quem já não lê um livro básico de economia há alguns anos. Eu li-os num ápice. Além disso permitiu-me estudar novos assuntos como a teoria dos jogos e estudar a incerteza. Sobre o estado da economia não mudou muito, continua a ser dominada pela ortodoxia neoclássica que coloca o enfoque no longo prazo, os economistas de água doce, como aparecem chamados por Krugman na sua sessão em Portugal de 2012. Aparecem, depois uma minoria de outros economistas, os de água salgada, por os centros de investigação se situarem junto aos oceanos Atlântico e Pacífico, onde aparece uma preocupação com o curso prazo. Como nos diz Krugman o enfoque de longo prazo é insuficiente para se perceber as crises e a forma de como lidar com elas. Ao nív

As teses de Passos Coelho

Nas entrevistas que vem dando, sem nunca pôr em causa a austeridade severa do plano de ajustamento português o PM vem concedendo que o plano foi mal calibrado e por isso foi mais severo. É hoje consensual que era preciso mais tempo para o ajustamento português tanto mais que o ponto de partida eram salários dos mais baixos da europa para se evitar o colapso social, que afinal não aconteceu porque a emigração tem funcionado como valvula de escape. Mas esta pequena cedência esconde a forte convição ideológica deste governo que viu uma oportunidade no plano de ajustamento de fazer transformações neoliberais que em circunstâncias normais seriam mais difíceis de executar (veja-se o projeto de revisão constitucional de Teixeira Pinto), pois agora tinham a proteção do «tem de ser» da troica, imposta de fora para dentro, permitindo ao governo aparecer hoje como mais brando do que a troica, como se pode exemplificar na questão de ainda baixar mais os salários. De fato se nos lembrarmos de G

O drama de Viana do Castelo

Não tenho toda a informação sobre os estaleiro de Viana do Castelo, mas não faz sentido o Estado indemnizar e os privados começarem do zero, sem encargos . Mais, esta situação não é virgem e parece tornar-se o modelo de privatização seguido por este governo, o governo (leia-se os portugueses) fica com os encargos e os privados ficam com o bife, como no caso do BPN, que agora já dá lucro. Mas neste caso há ainda uma situação incompreensível , a empresa sub-concessionária está com uma dívida enorme (fala-se em cerca de 300 milhões de euros) e fica com uma empresa sem investir. Portanto, existe aqui um risco de haver problemas financeiros no futuro com uma empresa que se apresenta descapitalizada. Por estas negociatas passa a vida de 600 famílias... Concluindo, para o capital as boas soluções e para os trabalhadores a incerteza e a ameaça de desemprego.

Hoje vota-se o OGE 2014

Hoje vota-se o OGE para 2014 e do seu debate realço: * uma tentativa de os partidos do governo se demarcarem da carga negativa da proposta inicial, aumentando o nível dos salários onde começam os cortes, propostas de tributação de setores menos concorrenciais, proposta de tributação das PPP, etc. O rescaldo desta tentativa foi a subida dos salários a começar os cortes, mas não houve qualquer cedência nas questões de tributação do capital, ou seja os trabalhadores continuam a pagar a austeridade e o capital é poupado e vai pagar menos IRC. * o PS apresentou uma série de propostas para testar a vontade do governo em fazer acordos e o governo continuou sem ceder. A  intenção de se promoverem acordos (com o PS) não passa de retória, isto é, só faz parte do arsenal do combate político, sem efeitos práticos. De realçar a questão da descida do IVA da restauração, uma das propostas da oposição, que foi rejeitada e que eu acho que faria todo o sentido se a prioridade fosse o emprego dos port

As últimas sobre o orçamento

Os grupos parlamentares da maioria lá fizeram o seu papel de político bom ao apresentar alterações ao OGE2014 favoráveis aos mais carênciados, como a subida do limite mínimo para haver reduções salariais, que ficou em 675€ porque o governo, no seu papel de políticos maus e austeros , não aceitou que o limite fosse mais elevado, argumentado que a proposta para que tal acontecesse, taxar as PPP e certos setores oligopolistas, como as telecomunicações, distribuição, energia e outros, iria pôr em causa os contratos com as PPP e rendas de grupos económicos oligopolistas, o que não era aceitável. Voltamos ao mesmo os contratos com os funcionários públicos são postos em causa com reduções salariais, mas com grupos económicos os contratos são para respeitar. Será que este jogo do político bom e mau dá votos? Pelo menos têm essa esperança.

A hipótese de segundo resgate

Será possível que a meia dúzia de meses do fim do 1º resgate não se pense no pós-troica? A resposta é claramente negativa. Há concerteza conversações sobre o assunto, quer internas, quer comunitárias, uma vez que o FMI não vai estar na próxima solução, uma vez que já há equilíbrio da BC. Basta ver a sintonia de posições entre Barroso e Coelho na recente reunião em Bruxelas, e questionarmo-nos do porquê dessa reunião com vários ministros portugueses. Um dos pontos a equacionar no pós-resgate é sem dúvida o nível das taxas de juro e aqui entra as declarações do MNE, ao definir como nível aceitável dos juros a suportar os 4,5%. Não fiz contas, mas sem dúvida um nível dos juros superior a 4,5% pode ser insuportável. Ora estas declarações do MNE provam que já se equaciona o pós-resgate e quais as condições a verificarem-se para que não haja 2º resgate e redução da dívida. O que falta a este governo é transparência no que faz e não uma postura de secretismo , que ajudaria o povo a compre

A mensagem do ceo da OIT

Ontem esteve em Portugal o representante máximo da OIT que deixou algumas mensagens interessantes, a saber: * Cabe aos portugueses escolher o seu caminho , ou seja, ir mais longe do que a tróica foi uma opção dos portugueses (do governo); * O programa de austeridade é injusto porque pede sacrifícios e não deu qualquer esperança até agora e porque são sempre os mesmos a pagar a crise , ou seja é socialmente desequilibrado ; * As instituições internacionais falharam na dose aplicada, que foi excessiva como reconhece o FMI ; * Depois de uma dose excessiva o médico deve reduzir a dose, isto é a europa tem de dar mais tempo para o ajustamento se verificar e ser mais solidária em termos dos sacrifícios pedidos; * A união bancária seria mais eficiente na criação de empregos do que políticas ativas de emprego , pois o problema parece estar no estrangulamento do crédito à economia e nos juros cobrados, inferiores aos dos países do centro.

O pós OGE é uma brilhante manobra política eleitoralista

A tática deste governo para contornar os possíveis efeitos negativos de: a) No ano de 2013, apesar dos sacrifícios pesados pedidos não vai haver qualquer consolidação orçamental, pois o défice de 2012 e de 2013 vão ser muito parecidos ; b) Na resposta ao fiasco de 2013 o governo/troica impõem um orçamento com cortes pesados na despesa do Estado de cerca de 3,6 mil milhões do PIB, cerca de 2% do défice do OGE para este descer para 4%, com os sacrifícios a ser suportados pelos dos co costume, mas agora também foram penalizados os rendimentos mais baixos, a partir de 600€ nos funcioários públicos e os pensionistas a partir dos 419€ ; foi, despois deste «choque de expetativas» negativas para os portugueses trabalhadores e pensionistas, através da AR, que a coligação vem atenuar um pouco os cortes propostos nos rendimentos mais baixos, subindo o limite mínimo do que cortar para 500€ os pensionistas e 700€ no funcionalismo público, o que significa reduzir os cortes em 50 milhões de euro

O OGE para 2014

Depois da férias é tempo de voltar ao blog. Reconheço que sem alunos do prosseguimento de estudos, tenho menos motivação para aqui escrever, pois muitas vezes respondia a questões colocadas pelos alunos. Agora vou fazê-lo para ocupar o tempo, os furos do horário com que fui recentemente brindado. Ora este orçamento continua a política de austeridade e corre o risco de matar a fraca recuperação que se fez sentir em 2013, pelo que os cenários macroeconómicos subjacentes , com um crescimento económico de 0.5 a 0.8 %, são optimistas . Depois da balança comercial ficar positiva falta fazer o ajustamento do défice público e depois deste alcançado controlar a dívida pública. Ora o objetivo de 4% para o défice parece-me impossível de ser alcançado, a troica parece sabê-lo, mas como se vai embora a meio do ano, basta-lhes anunciar a meio do ano que o défice é possível, mas com medidas adicionais que não estarão cá para controlar.. A austeridade prevista é bastante pesada e ataca os funcion

A ineficiência da política económica em Portugal

A tragédia de ajustamento com uma crise severa e prolongada - veja-se os últimos dados do INE com uma queda homóloga de -4% do PIB, aumento do desemprego, etc - deriva da perda de autonomia da política ecónomica e do endividamento excessivo . Portanto, questões de sistema e de erros do passado. Quero centrar-me neste artigo na questão sistémica, pois com a adesão ao € perdemos a política monetária e a política orçamental/fiscal ficou mais limitada pelos tratados. Ora, estas limitações estão a impedir-nos de por o pé no travão e no acelerador. O pé no travão seria o justamento orçamental em curso, mas sem regras rígidas, portanto mais prologado no tempo pelo menos. O pé no acelerador deveria vir da política monetária, mas não vem. Porque apesar das taxas de juro serem baixas no BCE, estas devido ao prémio de risco, estão altas para Portugal, uma vez que o mercado monetário/financeiro ainda não está integrado totalmente, pelo que as taxas de juro são diferentes nos vários países do € o

A perspetiva financeira continua a ser a dominante em Portugal

Das últimas semanas conclui-se que o ministério da economia continua a ter um papel subalterno em relação ao ministério das finanças, apesar da estratégia para impulsionar a economia e promover a reindustrialização. Mais, como alguns comentadores dizem o documento do ministério da economia referido, serviu para desviar as atenções dos cortes que estavam em preparação. A estratégia continua a ser mais austeridade, para se alcançar os equilíbrios básicos da economia, o externo e interno (finanças públicas), ou seja, só há pé no travão, com o respetivo emprobecimento, sem qualquer toque no acelerador. O governo parece que compreendeu que tem de mascarar as suas intenções com um perfume, que foi o documento da economia e com a postura de mais abertura ao diálogo, em relação à oposição e aos parceiros sociais. Concluindo, não há qualquer tentativa de estimular o crescimento da economia, como muito bem diz o parecer do CES.

O debate sobre o crescimento em período de austeridade.

Nesta altura já há muitas vozes a favor do crescimento . Até já há números sobre o montante a investir, mais modestos do governo e o quaduplo do PS. Também já há um consenso sobre quais os setores a serem a aposta deste esforço de crescimento , falando-se de reindustrialização, mas agora com efoque em setores de tecnologia intensiva, que aliem investigação e novos produtos, ainda que uma boa parte do esforço de investigação continue a ser nas universidades e pouco, ainda que em crescimento, nas empresas. Mas a austeridade ainda não chegou ao fim, ainda não se atingiu o equilíbrio estrutural das contas públicas , pelo que este esforço deve continuar, talvez por um período mais dilatado no tempo, para que o crescimento, quer no país quer na europa ajudem a mitigar os sacrifícios que ainda são precisos, sem que a economia colapse ainda mais. Encontrar um ponto de equilíbrio entre estas duas perspetivas é o que está em causa. Por um lado, os extremos, só austeridade e o doente pode morr

A questão da subida do salário mínimo

Este é um debate que atravessa a semana, na TSF e no Parlamento. Vejamos quais são os argumentos: a) governo - a subida dos salários vai provocar aumento do desemprego; b) oposição (unânime) - a subida de salário mínimo visa dignificar o trabalho e evitar que haja rendimentos da população ativa, abaixo do nível de sobrevivência, por um lado, e, por outro lado, vai estimular a procura interna, quando as exportações tendem a desacelerar devido à recessão na Europa, servindo assim de alavanca para o crescimento desejado da economia. Estas duas visões são antagónicas, mas subscrevo a segunda, na medida em que o trabalho tem de ser dignificado e, tendo presente o modelo brasileiro, foi com a estímulo da procura interna, que se iniciou o atual ciclo de crescimento no Brasil. Claro que a subida do salário mínimo pode provocar, conjunturalmente, subida do desemprego, mas o efeito estrutural será positivo e anulará aquele.

As eleições em Itália

As eleições em Itália podem marcar uma nova política europeia em relação aos PIGS, porque são uma rejeição clara da austeridade como vem sendo aplicada, sem preocupações com o crescimento. As declarações hoje conhecidas do Presidente do Parlamento Europeu vão nesse sentido, os italianos votaram contra a austeridade pura e dura. Claro que a grande mentora desta política é a Srª Merkel e essa só deverá mudar de política na Europa depois das eleições alemãs, ou seja, a Alemanha deverá ser mais solidária com os outros países, quer ao nível dos eurobonds, quer no estímulo das exportações dos países em dificuldades com políticas de estímulo à sua economia, na medida em que é a locomotiva da europa e se a locomotiva acelerar, as carruagens também a seguirão.

Viragem na política económica do governo

Nesta última semana avolumam-se os fatos que mostram uma inflexão da política económica do governo , que passou de uma lógica de austeridade a todo o custo - não digo, doa a quem doer, porque o capital tem sido poupado aos sacífícios, nas PPP, na banca, no pagamento de impostos, etc - , para uma austeridade com preocupações sociais - é o caso da corda esticada que não pode partir. O que está por detrás desta inflexão é o mau desempenho da economia portuguesa e europeia, que já levaram à revisão da meta de crescimento em 2013 para -2%, ou seja, confirma-se o circulo vicioso recessivo, o que explica o falhanço contínuo das previsões macroeconómicas do governo ! Outro fato significativo desta inflexão é ser o nº 3 do governo, Paulo Portas a gerir o dossier dos cortes de 4 mil milhões, em vez do Gaspar o nº 2, o que demonstra a necessidade de se dar relevância à política em vez da tecnocracia , leia-se Gaspar... Mas tudo isto é feito sem dar razão à oposição, para se não reconhecer o fa

A espiral recessiva está confirmada.

Os últimos dados sobre o desempenho da economia em 2012, confirmam a forte possibilidade da espiral recessiva, ainda mais se o corte de 4 mil milhões for avante - não será o atraso neste programa já uma cautela do governo, anunciada pelo Marques Mendes? O ano passado a economia regrediu 3,2% ficando o PIB ao nível de 2001, ou seja, confirma-se que a última decada não foi só de estagnação, mas a passo de cranguejo! Em conclusão parece que o nosso modelo será mais a Grécia do que a Irlanda.

A austeridade continua a ganhar ao cresimento

A notícia de ontem é que Portugal voltou aos mercados com a venda de 2,5 milhões de euros em obrigações a 5 anos. Esta é uma notícia interessante do ponto de vista de financiamento da economia , porque com a baixa das taxas de juro na dívida soberana poderá verificar-se uma restruturação das aplicações bancárias, com o desfazer-se de títulos de soberania ( que deixam de ser rentáveis) e o regresso da concessão de mais crédito à economia real. Só se este fato se verificar é que a notícia interessante se torna boa . Também esperemos que o governo passe a ter margem de manobra para olhar o crescimento , que é o que tem faltado à política deste governo . Aqui, vou ser pessimista, o défice ainda está elevado nos 5%, sendo este valor artificial, pois, mais uma vez, se recorreu a receitas estraordinárias, pelo que nos espera um ajustamento de 3 a 3,5% do PIB, no próximo ano, o que não deve dar margem de manobra para pensar-se em crescimento. Por outro lado, a estratégia de aproveitar os

O debate sobre a independência da política monetária

Nestes últimos tempos os economistas que não pertencem à corrente dominante têm trazido à discussão elementos importantes para se construir uma política alternativa à austeridade seguida . Primeiro falemos de Krugman e do risco de estagdeflação , isto é, crescimento negativo ou muito baixo, como acontece neste momento nas principais economias do mundo e taxas de inflação abaixo dos 2%, que é em geral o objetivo da política monetária.  Este risco de fraco crescimento com reduções da taxa de inflação exige uma cooperação entre as políticas orçamentais e monetárias , o que vai contra o dogma monetarista da independência da política monetária . Outros autores, de que não me lembro o nome, defendem esta segunda tese, isto é em épocas de desalavancagem - redução do endividamento - , para a intervenção na economia ser mais eficiente, deverá fazer com que o Banco Central e os ministros das finaças cooperem, para da sinergia desta cooperação, possam sair políticas mais eficazes no combate à

O circulo vicioso depressivo

A grande notícia do dia é o relatório do FMI sobre onde cortar 4.000 milhões. Estas medidas atingem severamente os funcionários públicos e os pensionistas , bem como os acessos às reformas. Além disso aparece novamente o discursos dos grupos priveligiados a saber professores, médicos, funcionários da justiça e das forças de segurança. O setor mais atingido será o da educação , onde se propõe uma mudança de paradigma com o fim da escola inclusiva e o regresso à escola elitista. Mas do ponto de vista económico se dúvidas houvessem, mesmo com os desmentidos do 1º Ministro, estamos perante cortes da despesa que só podem provocar uma espiral recessiva , pois acrescenta mais recessão à recessão existente. Estas propostas assumem a virtuosidade do modelo neoliberal, o que não está provado, com o incentivo à privatização no seio da educação . Claro que nada é assumido com clareza, 1º degrada-se o público, para depois aparecerem as soluções privadas como salvadoras, tudo isto com legitimação