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A mostrar mensagens de setembro, 2022

Previsões 2023 - parte 2

 Depois do último texto, a entidade de acompanhamento das contas públicas da AR apresentou uma previsão de crescimento de pouco mais de 1%, pelo que se perspetiva uma desaceleração acentuada do crescimento económico, de cerca de 5% entre 2022 e 2023. A explicação dada no texto anterior centrava-se na política monetária, mas agora temos dados sobre a política orçamental que apresenta um superavit de 2,3 mil milhões, que nos indica que, além da política monetária, esta tem sido também restritiva. Um superavit acentua, em vez de contrabalançar a política monetária restritiva conduzida pelo BCE, porque retira dinheiro da economia através de impostos e não devolve através do lado da despesa pública. Em conjunto com a inflação (que quando os rendimentos não a acompanham, como é o caso) temos um efeito na repartição de rendimentos, com a queda dos salários correspondente a cerca de 1 salário mensal (8%*14=112%). Assim, a contração do consumo também se faz via redução do poder de compra, neste

Previsões económicas 2023

A invasão da Ucránia, ao provocar uma subida dos preços das matérias primas, principalmente as energéticas, levaram os bancos centrais a subir os juros, como forma de combater a inflação. Portanto, a política monetária está a ser restritiva como forma de combater a inflação. A subida dos juros encarece o preço do dinheiro, logo os empréstimos ficam mais caros, o que é um travão ao consumo, quer pela via do encarecimento do crédito ao consumo, quer por via do encarecimento dos bens adquiridos. Daqui resulta uma diminuição da procura global que vai ajudar a reduzir a inflação. O investimento também tende a diminuir, pois, com o  aumento dos juros certos projetos são adiados ou deixam de ser rentáveis, ou porque o custo é maior, ou porque se prevê uma redução da procura que faz com que certos investimentos de aumento da capacidade deixem de ser justificáveis. A política monetária é restritiva e a política orçamental e fiscal? A política orçamental e fiscal pode contrabalançar em parte a p

Explicando melhor a questão dos pensionistas.

A proposta do governo relativa aos pensionistas foi acusada de fraude, ilusionismo, corte nas pensões após 2024. O governo aparece a dizer que nada se pode dizer sobre 2024, que é a maior subida de pensões da última década, que é necessário garantir a sustentabilidade da Segurança Social, ou seja, iniciou-se um plano de marketing para salvar a medida.  Mas explicando melhor, o governo está obrigado por lei da Assembleia da República a proceder a um aumento das pensões que leve em conta o crescimento económico e a inflação do ano anterior. A inflação de 2022 está nos 9% e o crescimento é excepcional entre os 6,5 e 7%. Assim as pensões deveriam subir cerca de 8%. A medida do governo é pagar este aumento em duas parcelas, uma por antecipação em outubro de 2022 e outra, corresponde a um aumento das pensões mensal em 2023 . Expliquemos, para uma pensão de 1000€, em vez de haver um aumento mensal para 1080 (8%), o pensionista receberá só 1045 (4,5%) em 2023 e terá uma antecipação de meia pen

O apoio às famílias setembro de 2022

 Saiu ontem o anunciado pacote de apoio às famílias: Foram aprovados os seguintes diplomas em Conselho de Ministros: Decreto-lei que estabelece: A atribuição de um pagamento extraordinário no valor de 125 euros a cada cidadão não pensionista com rendimento até 2.700 euros brutos mensais; A atribuição a todas as famílias, independentemente do rendimento, de um pagamento extraordinário de 50 euros por cada descendente até aos 24 anos que tenham a seu cargo; O pagamento aos pensionistas de 14 meses e meio de pensões, em vez dos habituais 14 meses; Prolongamento da vigência até ao final do ano da suspensão do aumento da taxa de carbono, da devolução aos cidadãos da receita adicional de IVA, e da redução do ISP. Proposta de lei, a submeter à Assembleia da República, que estabelece as seguintes medidas: Limitação a 2% da atualização máxima do valor das rendas das habitações e das rendas comerciais, no ano de 2023; Criação de um apoio extraordinário ao arrendamento, através da atribuição de b

A política económica no outono de 2022.

Não escrevo neste blog faz 3 anos. Interrompi para me dedicar mais às questões de educação, no contraofacilitismo.sapo.pt. Agora a um ano de me reformar e pensado já em como ocupar o tempo vou regressar e voltar a comentar a atualidade económica. Os comentários não serão longos. A atualidade económica é caraterizada por um governo de maioria absoluta do PS. A guerra Ucrânia versus Rússia, na sequência da invasão deste último país (tenho a liberdade de o dizer), criou um aumento de preços dos combustíveis e de certos produtos alimentares, nomeadamente os cereais. Assim, a conjuntura é caracterizada por um aumento generalizado dos preços, o que levou a inflação para 9%, perto dos dois dígitos. Este aumento da inflação está a ser aproveitado pelo governo para aumentar as receitas fiscais resultante do aumento de preços - excepção do imposto sobre produtos petrolíferos -, sem que do lado da despesa haja aumento de salários, mas havendo um reforço dos rendimentos de 60€ por 3 meses, para os