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A mostrar mensagens de fevereiro, 2017

Quando a política se sobrepõe à economia: o caso de Centeno

Estas últimas semanas temos assistido a um ataque feroz contra o ministro Centeno, por causa de problemas éticos , relacionados com o facto se mentiu ou não em sede de comissão da AR. Como já defendi o governo andou mal no processo da Caixa, no que se refere à exceção aberta para os salários e à tentativa de eliminar a entrega de declaração de rendimentos ao TC. Foi uma trapalhada evitável, uma vez que não se justifica uma exceção para a Caixa, na entrega de declarações e também em termos de rendimentos (não nos esqueçamos que ainda estamos a fazer sacrifícios, com salários congelados na administração pública). Dito isto acho que este aspeto político está a ser usado pela oposição para abafar os sucessos económicos do governo : a subida do crescimento económico no último trimestre que levou a rever em alta o resultado de 2016, superando todas as previsões e a baixa do défice para cerca de 2% afastando os procedimentos por défice excessivo . Quem não tem argumentos económicos para co

Os alemães perderam a primeira batalha no BCE

O BCE decidiu continuar até setembro com a sua política de «quantitative easing», ou seja continuar a comprar títulos dos diversos países e a injetar dinheiro na economia europeia.  Esta é uma vitória da união contra o domínio alemão como expliquei no último post, pois, estes queriam começar já uma política de combate à inflação que se aproxima dos 2%, o valor mítico dos monetaristas para começarem políticas monetárias mais restritivas, com a subida dos juros e menos injeção de moeda na economia. Os interesses dos países do sul foram acautelados e têm mais tempo para resolverem os seus problemas, antes dos juros começarem a subir, nomeadamente os relacionados com as suas dívidas públicas. Esperemos que entretanto haja evolução, com uma política europeia nesta frente, com a Alemanha a ser parte da solução e não obstáculo. Ainda sobre a construção de uma zona de moeda única, um artigo do Público, lembrava ontem a experiência dos EUA, nomeadamente que o dólar como moeda única passou po

Os dilemas da política monetária europeia

Numa altura em que a inflação alemã se aproxima dos 2%, referência para se começar a subida das taxas de juro, teremos oportunidade de verificar se o BCE segue a filosofia alemã ou é de facto independente dos alemães e leva em conta as necessidades de outros países , nomeadamente os do sul, por exemplo da Itália, país do Presidente do BCE. Explicando melhor, os dilemas da zona euro e da sua política monetária estão no facto de a Alemanha começar a precisar de uma subida dos juros e do fim do «quatitative easing», ou seja da política de compra de obrigações que tem levado os juros para níveis negativos, enquanto há outros países que ainda necessitam da continuação da política monetária de juros baixos, quer por causa da sua inflação ainda ser baixa (inferior aos 2%) e quer porque continuam a precisar de juros baixos para suportar os juros das dívidas. Este dilema é também uma luta pelo poder, se os juros subirem, os alemães saíram vencedores, se os juros continuarem baixos e a polític