Mensagens

A mostrar mensagens de 2009

As novas regras de remuneração dos gestores bancários

É hoje notícia nos jornais a intenção de criar novas regras de remuneração dos gestores bancários , porque foi considerado que o sistema de remunerações foi um incentivo à gestão de risco que provocou a última crise. Assim prevê-se um equilíbrio maior entre remunerações fixas e prémios, não se falava em percentagens, mas fiquei com a impressão de andar à volta dos 50% para ambas. Logo aqui heverá já um travão à ganância de correr riscos . Mas acima de tudo, prevê-se o pagamento do prémio em tranches anuais com o mínimo de 3 anos de duração, que serão interrompidas em caso de maus resultados , mesmo que da responsabilidade de outros gestores. Esta disposição será essencial para que os gestores se preocupem com o fundamental e robustez da sua empresa e menos com a maquilhagem e operações de elevado risco e lucros elevados ( ou grandes prejuízos se correr mal). É interessante constatar que esta iniciativa partiu do Carlos Tavares / CMVM e não do governo ou BP / Constâncio, com o partido S

A questão do salário mínimo

Está em debate na sociedade portuguesa se o salário mínimo deve subir para os 475€. Por mim deve subir, porque: 1) O modelo baseado em baixos salários está esgotado e deve dar-se um sinal claro à economia de que se deve apostar em trabalho qualificado, acelerando o reforço do sector terciário, como acontece nas economias desenvolvidas, associado a trabalhadores qualificados, como na saúde, educação, tecnologia de ponta, I&D. O sector industrial de trabalho intensivo vai continuar a reduzir-se e a criar desemprego. 2) As dificuldades do sector secundário com baixos salários mostra que já não somos competitivos com os nossos níveis salariais, pelo que só resta fazermos a transição para níveis salariais mais altos associados a melhores qualificações profissionais. 3) A lógica de qualificação da mão de obra seguida com a aposta no ensino e na formação deve responder às dificuldades que o processo de transição vai criar em certas profissões e sectores da população activa. 4) Claro que é

VÊM TEMPOS DE APERTO DE CINTO, FALTA SABER QUANDO

1. Lembrar a encenação Sócrates/Constâncio com o défice deixado por Santana Lopes quando o défice era só de cerca de 6% , para preparar os portugueses para o apertar do cinto, leia-se, aumento de impostos e redução de rendimentos futuros, segurança social, e de certas classes profissionais , professores. 2. Novo governo Sócrates, défice de 8% e endividamento a derrapar. O défice é necessário no combate à crise, o que significa que por agora nada há a fazer , mas no futuro ter-se-á de apertar o cinto, de preferência após novas eleições para o governo não ser penalizado . 3. O Constâncio acostomou -se a preparar os portugueses para a desgraça e insinuou aumento dos impostos, sem consultar o aliado que o manteve depois de todas as falhas de supervisão e agora de previsão, pois, nada disse antes das eleições sobre estas previsões que a UE já divulgara. Caro economista de prestígio, só quando olhas para o teu umbigo, vai para o BCE, que aqui já não tens credibilidade, que é o pior que se p

As novas taxas bancárias e a desfesa dos consumidores

Esta semana tem sido notícia nos jornais a possibilidade de pagamento de uma nova taxa pela utilização dos cartões de crédito e débito . Ora, esta nova taxa resultará de uma directiva europeia que regulamenta a plicação destas taxas em toda a europa, mas que em nenhum momento estabelece a sua obrigatoriedade , pelo que havia discricionaridade de o governo poder adoptá-la ou não, tanto assim é que por iniciativa da oposição vai a Assembleia da República discutir o assunto e pode decidir a sua não aplicação ao território português. Foi , pois, opção do governo permitir a sua aplicação em Portugal , para ajudar à recuperação do sistema bancário é a única explicação que encontro, mais uma vez pondo-se do lado da banca , mas procurando lavar a face impondo a obrigatoriedade da informação da sua aplicação, senão haverá coimas pesadas. Esta atitude era de facto o mínimo, ou seja, a transparência das relações entre vendedores e consumidores, que se esperaria do governo para a defesa do consumi

Onde está o Constâncio com o défice público nos 8?

Saíram ontem as previsões de Outono da UE e apontam para um défice público de cerca de 8% . Ora, com um défice menor em mais de 2% caiu o carmo e a trindade em 2004, foi nomeada uma comissão para avaliar o défice e saiu de lá um cenário negro e principalmente criou-se um ambiente propício aos pesados sacrifícios que todos suportámos. Neste ocasião foi actor principal o Constâncio. Agora está calado. Um economista com a sua responsabilidade que tem dois pesos e duas medidas conforme a circunstância política não merece credibilidade. Mas isto não nos deve fazer esquecer que mais tarde ou mais cedo vamos pagar este défice excessivo, que aumentou também o peso da dívida pública e o endividamento externo para valores perigosos. Ou seja, vamos voltar a fazer sacrifícios e pesados. O rigor não deve ser só para quando nos convém e mesmo reconhecendo uma maior maleabilidade das regras quando a crise é severa, acho que estes valores nos devem preocupar e muito.

Uma nova ordem capitalista está em construção

As crises são oportunidades para se corrigir os excessos, moralizando a vida económica. Sem se pôr em causa o sistema capitalista vai-se corrigindo os seus excessos e melhorando os mecanismos de controle sobre funcionamento do mercado . Em primeiro lugar os rendimentos de alguns gestores começam a ser controlados. De facto havia situações escandalosas nos rendimentos dos gestores, devendo esta correcção acontecer por iniciativa dos accionistas e devendo só o Estado intervir quando for pedida a sua ajuda. Também me parece bem diferir o pagamento de prémios para 2 a 3 anos após a sua gestão para se poder analisar com outra perspectiva o contributo dos gestores para os resultados, o que permitiria eliminar muitos dos ganhos especulativos: focalizar a gestão nos resultados a médio e longo prazo é sem dúvida uma melhor focalização para a gestão do que o curto prazo. Outro dos aspectos a corrigir é a actuação da regulação que deve ser mais eficiente . Em Portugal está-se a cometer excessos,

As crises e a teoria económica

A teoria clássica e neoclássica colocava no mercado todo o ajustamento que se deveria verificar na actividade económica, pelo que em épocas de crise bastava baixar o salário e as taxas de juro para se voltar ao equilíbrio (de pleno emprego). A crise de 1929/36 veio colocar em causa estes mecanismos reequilibrante, devido às imperfeições de mercado, como os monopólios e oligopólios , a resistência à baixa dos salários, e principalmente devido à armadilha da liquidez, que é um conceito que realça a não resposta do mercado às baixas das taxas de juro. A contribuição de Keynes vai no sentido de como lidar com as crises e como superar a não resposta do mercado e a sua contribuição foi a necessidade intervenção do Estado através de despesas públicas para dinamizar a economia através do consumo e investimento públicos . Por volta da década de 80 Friedman e a sua teoria monetarista coloca em cima da mesa uma revisão da teoria clássica acrescentada por uma teoria quantitativa da moeda, q

O exemplo vem de Obama

A europa tem debatido muito as crises mas medidas concretas ainda não as há , mas a vontade em controlar melhor os paraísos fiscais é de aplaudir. Já dos EUA vem o caso da seguradora AIG que queria distribuir prémios chorudos aos administradores e a administração Obama opõe-se porque esta empresa teve de ser ajudada pelo Tesouro americano para sobreviver . Em Portugal com os escandalos BCP, BPN e BPP, nada aconteceu à supervisão e só há um administrador a contas com a justiça . De resto assobia-se para o lado... Está na hora de se ter uma visão da economia que englobe uma dimensão ética , que valorize as boas práticas e que puna as más e os gananciosos desmedidos, que levam ao engano muitos investidores e os penalizam fortemente. De concreto, a agir, por parte dos governos só temos o Obama, na europa como de costume discute-se muito mas pouco se faz ... Em Portugal continua-se com o espírito de que se for dos nossos é melhor nada fazer e os administradores são todos do bloco central, p

De quem é a culpa da crise?

Claro que a conjuntura internacional é um factor explicativo da crise, e cada vez mais o será num mundo globalizado em que todos dependemos de todos. Mas a dimensão da crise é um problema local , bem como as medidas tomadas pelos governos nacionais para a combater. O problema é local na medida em que o modelo de desenvolvimento português já mostra à alguns anos indicadores que está esgotado : o modelo baseado em mão de obra barata tem hoje forte concorrência de outros países e os sectores capital intensivo têm vindo a ganhar peso mas ainda não tem um peso significativo, e sabemos que a perda das indústrias de trabalho intensivo vai agravar o desemprego, como aconteceu na Espanha à já alguns anos atrás. Também faz parte do modelo de desenvolvimento português uma relação estreita entre o Estado, os partidos políticos e certos interesses económicos que têm favorecido interesses que estão ligados a certos sectores importantes mas se calhar não estratégicos em termos de posicionamento futu

O PS e a descida dos impostos

No último post defendi que o actual governo privilegiava o lançamento de obras públicas para combater a crise. Estava enganado , a propósito do congresso do PS, nas teses, aparece a possibilidade de baixa de impostos que beneficiem a classe média e no orçamento suplementar propõe-se uma redução da taxa de contribuição social para trabalhadores com mais de 45 anos e em empresas até 50 trabalhadores. Esta mudança de estratégia, apostando num mix de obras públicas e descida dos impostos e taxas que atirarão o défine público para cima do sacrossanto 3%, resulta do forte agravamento da crise e do período eleitoral que se aproxima e visa conservar o eleitorado e retirar margem de manobra eleitoral à oposição. Ainda hoje o BdP reconheceu que os últimos dados mostram um agravamento da crise. Por outro lado, tem sido prática do Sócrates retirar margem de manobra à oposição, aproveitando algumas ideias da mesma ou antecipando as suas propostas. Este será uma situação idêntica. Esta situação refl

Soluções para a saída da crise

As soluções para o estímulo da economia clássicas são: a) a de matriz keynesiana que defende o ínvestimento público como principal fonte do estímulo económico. Na base do seu raciocíneo está a importância do investimento como factor dinamizador da actividade económica, que as empresas privadas não estão em condições de dinamizar devido às dificuldades que atravessam e na presente crise porque a banca apertou a malha de escolha dos investimentos elegíveis para serem por si financiados, devido aos seus problemas de liquidez; b) a de matriz monetária que acredita na capacidade de iniciativa dos privados e recomenda a baixa da taxa de juro até ao ponto em que o investimento reaja; c) a de matriz liberal/conservador que defende a baixa dos impostos como forma de compensar a quebra no rendimento disponível dos particulares devido ao aumento do desemprego com uma diminuição dos impostos que transfira rendimento para os particulares; Muitos governos optam por um mix destas medidas , como o