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A mostrar mensagens de novembro, 2016

O OGE2017 foi aprovado

Ontem foi finalmente votado o OGE2017 que nos últimos dias não esteve nos escaparates dos jornais, pelo que acho importante trazer aqui este facto e não abordar o que se passou na CGD, que não deveria ofuscar a aprovação do orçamento. Devo reconhecer que a estratégia do PSD em colocar no centro do debate a questão da CGD foi brilhante, pois a aprovação do orçamento por Bruxelas retirou-lhes margem de manobra crítica e tornava-se difícil arrepiar caminho na mensagem catastrófica que vinha sendo seguida. Quando o diabo não aparece é melhor criar outro foco de atenção e neste caso o governo andou mal porque lho ofereceu de bandeja, ainda que o presidente da CGD seja também culpado por não ter sabido lidar com o problema, colocando-se numa posição arrogante acima da lei e da sensatez (no contexto da economia do país e do nível médio de remunerações dos portugueses) em termos de vencimentos. Voltando ao OGE, a versão final foi de encontro a uma série de críticas por mim formuladas, sempre

A questão da gestão da dívida pública: ou défice de solidariedade europeia?

Como sabemos a UE não quer ouvir falar da dívida pública portuguesa e o nosso governo tem uma estratégia que é colocar a dívida grega na agenda europeia, para depois se falar dos casos português, espanhol e italiano . Esta estratégia é satisfatória se nenhuma catástrofe acontecer que crie instabilidade nas economias do ocidente. Ora se virmos o que se passa nos juros da dívida pública, concluiremos que a subida dos juros verificada reflete mais causas externas do que internas , pois verificou-se num período de boas notícias para a economia portuguesa, quer em termos de crescimento, quer em termos de bênção europeia ao OGE2017. As causas externas são-nos explicitadas pelo Sr. Draghi, que alerta para as incertezas que adveem do Brexit, da eleição de Trump e das próximas eleições europeias, particularmente na França e  na Alemanha e do referendo italiano. Estas incertezas não boas para uma economia ainda frágil , ainda que em recuperação, dependente da nota de uma única agência e reconh

Os números do crescimento do PIB serão anormais?

Não sendo normal escrever dois postes na mesma semana, acho que a vinda a público dos números para o terceiro trimestre, justifica este poste adicional nesta semana. A subida de 0.8% em cadei a, ou seja, em relação ao trimestre anterior e de 1,8% em relação ao seu valor homólogo (mesmo período do ano anterior) do PIB são de facto números fortes no contexto atual, não expetáveis pela oposição, mas dentro das previsões do governo. Para a oposição deitaram abaixo a sua estratégia de denegrirem as escolhas económicas do governo , como sendo uma estratégia errada conducente a um crescimento anémico. A realidade calou esta retórica. Para o governo são números que acompanham as previsões e de certa maneira dão razão à sua estratégia de reforço do consumo interno, por via da reposição de rendimentos . Vejamos, apesar de ser uma previsão rápida, sem se conhecer com profundidade o que está por detrás destes números ao pormenor, estes devem-se principalmente ao desempenho do turismo (forte c

A globalização e a vitória de Trump

Se no post anterior fugi à tentação de escrever sobre a américa, desta vez tem que ser e claro está tentar perceber o porquê da vitória de Trump. Vivemos desde os finais do século passado uma última fase da mundialização, iniciada com as descobertas por portugueses e espanhois, a chamada globalização permitida pela revolução das TIC . Esta globalização carateriza-se por se procurar afincadamente a redução de custos procurando no mundo o local que permita a produção ao mais baixo custo. Com esta estratégia verificou-se uma deslocalização industrial. Esta deslocalização criou riqueza num lado (nos NIC, com a China à cabeça) e destruiu riqueza, empregos, noutro lado, nos países desenvolvidos. Os EUA foram um país que viu reduzir-se a indústria e o emprego a ela associado. Mas a principal c onsequência da industrialização e de governos neoliberais foi a desregulação do mercado de trabalho, com a consequente perda de direitos . Muitos trabalhadores que eram da classe média regrediram soc

A economia,o ambiente e os oligopólios

Para não falar de temas mais políticos que económicos, como por exemplo um texto sobre as eleições americanas, vou hoje escrever sobre questões ambientais e seu relacionamento com a economia. Em primeiro lugar, há sempre interesses instalados , que acham piada às inovações tecnológicas, desde que não ponham em causa o seu modelo de negócio. Por exemplo vemos poucas inovações em termos energéticos para se mudar o paradigma do tipo de energia que usamos, mas por outro lado, tentamos ser mais eficientes energicamente e melhorar os impatos ambientais dos combustíveis fósseis. Ou seja, o tema ambiente é levando em conta até ao ponto que não provoque uma mudança radical, ficando satisfeitos com pequenos ganhos de eficiência desde que não ponham em causa «the business as usual». Claro que os governos deviam respeitar mais o interesse coletivo que os interesses das corporações, mas estas têm o poder de influenciar os políticos nos sistemas que permitam o financiamento privados das campanhas