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A mostrar mensagens de 2012

A estratégia de reindustrialização

O documento assinado por vários ministros da economia, entre os quais o alemão e o francês, vai no caminho certo, uma vez que no meu último post se identificava a desindustrialização como uma das causas da perda de riqueza criada pelo mundo ocidental, logo uma política de reindustrialização é ir ao fundo do problema . Apesar do documento falar também na política energética, esta também merecia uma estratégia de nível comunitário , nomeadamente a aposta nas renováveis e no automóvel elétrico. Mas mais importante que as intenções são as formas como serão concretizadas, como se costuma dizer: de boas intenções está o inferno cheio. Ora, aqui surge a questão do financiamento do quadro de apoio comunitário, que está em fase de redução, logo pouco sobrará para a política industrial, se não se alterar a PAC, porque a política de coesão não deverá em minha opinião ser mexida, na medida em que é o único processo de apoio aos países mais pobres pelos mais ricos, afim de se manter alguma solid

A estratégia neoliberal vs estratégia humanista

Os neoliberais são defensores do mercado e da sua autoregulação. A estratégia humanista reconhece como sistema de organização da economia o capitalismo, mas reconhece também os excessos desse capitalismo, pelo que o sistema capitalista tem de ser regulado . Exemplos de regulação são a limitação dos poderes dos monopólios e oligopólios, a redistribuição do rendimento e o apoio aos desempregados. Mas acima de tudo as pessoas são vistas como instrumentos para gerar lucros, no neoliberalismo, sendo descartáveis quando não necessárias ao capital, ou seja são meros números, portanto despersonalizados. A estratégia humanista , considera o ser humano como ser pensante com necessidades individuais, que têm de ser supridas pela sociedade solidariamente, portanto o ser humano sobrepõe-se aos interesses do capital, e se o capital o descarta, a sociedade tem de encontrar mecanismos para o valorizar e lhe dar condições de dignidade sem as quais não será um indivíduo com liberdade de escolha .

A agricultura e a solução do problema grego

Nem todas as notícias são más, como as que derivam do setor agrícola que tem vindo a diminuir o défice da balança comercial , de 5 mil milhões pra 3 mil milhões, nos últimos 5 anos. Parece que este setor tem beneficiado da crise, no sentido de certos atores económicos com falta de emprego se terem virado para a agricultura , à razão de 200 por mês. Também achei uma boa notícia a imposição de um pagamento a 30 dias quer da indústria, quer da comercialização , que vem acabar com a fragilidade nas negaciações contratuais dos agricultores. Mas mais importante para o nosso futuro, como forma de atenuar as nossas dificuldades, é o acordo sobre o resgate da Grécia que vai ao encontro do que tenho vindo a defender: mais tempo, juros mais baixos e aircut da dívida, ainda que esta última não esteja em cima da mesa para Portugal. Havendo a regra de alargar aos outros países sobre intervenção, as medidas tomadas em relação a um deles, ficamos à espera ...Afinal, Sr. Coelho de passos apressado

A falta de solidariedade europeia: verbas do fundo de coesão

Está em curso na UE a negociação de fundos para o próximo período de planificação de despesas (1914/2020). Ontem houve debate na AR e a posição portuguesa de rejeição a uma proposta de redução de 17% no fundo de coesão, faz todo o sentido, como o Presidente Cavaco bem resumiu: é juntar à austeridade redução de verbas para a coesão, o que significará deixar os países com problemas de finanaciamento mais entregues a si próprios. O que mais me preocupa nestas propostas é a falta de solidariedade na UE, com os países ricos a tentarem limitar os seus apoios aos países mais probres em época de dificuldade para estes . Por este caminho corre-se o sério risco de a EU começar a caminhar para a desagregação...

O mar como focus estratégico futuro de Portugal

A notícia do dia baseia-se num estudo, que basicamente nos diz que Portugal cria pouca riqueza com o mar, cerca de 2% , quando nas comparações internacionais este valor tem uma média de 5% em países comparáveis ao nosso. Aqui está um setor que deveria ter um plano estratégico e que poderia impulsionar o crescimento económico tão desejado. Infelizmente, o governo está concentrado exclusivamente no ajustamento dos défices pelo lado da procura, esquecendo-se de que há espaço para políticas do lado da oferta , quer na utilização dos dinheiros do QREN quer no impulsionar de certos setores estratégicos, como seria este do mar. Estamos pois perante um debate muito positivo que nos leva a descobrir políticas com impato do lado da oferta, que é sem dúvida um caminho muito positivo para impulsionar o crescimento.

É urgente a renegociação dos juros da dívida

Em momentos de crise é normal haver uma política monetária de embaratecimento do crédito , isto é, em épocas de crise o banco central diminui as taxas de juro de prestamista de última instância à economia, às vezes para valores próximos de zero, como já aconteceu no Japão. Assim sendo, e esta opção de política económica é mais ou menos consensual na teoria económica, não se percebe porque na zona EURO a baixa das taxas de juro só tenha impacto na economia privada, ou seja, as dívidas públicas não beneficiam das taxas de juro estabelecidas pelo BCE .  Dirão uns que tal se deve ao fator risco, mas o fator risco não é um elemento da política anti-crise, antes pelo contrário funcionará acima de tudo em tempos de prosperidade, para a evitar. Verifica-se mesmo na atualidade uma inversão do uso do fator risco, com efeitos perversos, pois este tende a ser menosprezado em épocas de prosperidade e aplicado em épocas de crise a quem precisa de ajuda . Foi o que aconteceu com a crise de sub-prim

A batalha europeia e o ajustamento português

A hipótese de vermos o programa de ajustamento alterado passa pelo debate na Europa que tem como protogonistas principais a Merkel e o Hollande. Não tenhamos dúvidas só se a Europa mudar de política é que podemos esperar um novo processo de ajustamento que leve em conta a necessidade de haver crescimento económico. Vejamos então qual é a diferença de propostas entre as duas teses em confronto. Hollande propõe os eurobonds , ou seja a mutualização de uma parte da dívida dos países, o que significa o acesso a crédito a juros mais baixos. Se parte da dívida portuguesa fosse mutualizada, entre 20 a 30 % - sempre abixo dos 60%, regra da Europa -, em vez de juros altos acima de 4%, teriamos juros entre 1 e 2 % para parte da dívida (previsão minha). Isto aliviaria os juros portugueses em cerca de 1 a 3 % em % do PIB (lembremos que 1% do PIB corresponde ao corte de um salário aos funcionários públicos). Merkel não aceita esta solução, vai pelo reforço dos poderes da UE, com o veto da comi

O principal pecado do OGE 2013

Já é o 3º post que faço sobre o OGE para 2012, no primeiro denunciava o rigor do orçamento para os rendimentos do trabalho e a complacência para os outros rendimentos (capital). No segundo, refletia sobre o erro clamoroso das previsões do impacto de cortes na receita no consumo e produto do país (decalarações recentes de ex-ministros vão no mesmo sentido: Ferreira, Leite, Bagão Félix). Neste terceiro vou falar da crise política que pode estar subjacente a este orçamento. A crise política não está relacionada com os silêncios do CDS, quebrados hoje por um comunicado que defende o orçamento em nome da viabilidade do país, mas com a crise social que se adivinha com o presente orçamento, quer devido ao aumento da pobreza, quer porque o governo ataca sobretudo a classe média. Ora, um país sem paz social está necessariamente em crise política num regime democrático . Mesmo que o governo não caia é evidente que se vão começar a notar mais tiques totalitários como forma de controlar o desc

A mea culpa do FMI

Tem sido notícia esta semana um relatório do FMI que diz que este organismo se enganou nas previsões dos efeitos da austeridade sobre a economia , pois trabalhava com a relação 1 para 0,6, em vez da real que vai de 1 para 0,9 pelo menos, podendo atingir o valor de 1,7. Bom no caso português isto provocou uma descida das receitas em cerca de 1% do PIB - o equivalente a um subsídio cortado na administração pública-, conforme dados do ministro das finanças, que agora temos de compensar. Nesta notícia o que me espanta é o governo português não ter estudos para o país e ter trabalhado com os calculos do FMI. Mas mais importante nos relatórios recentes do FMI é o reconhecimento de que os ajustamentos têm só olhado para a austeridade e ignorado a perspetiva de crescimento das economias, o que tem provocado impactos negativos na coesão social . Depois desta mea culpa não se percebe a insistência na formula da austeridade , com um brutal agarvamento de impostos para 2013, além de que a marge

O PEC X ou o Orçamento para 2013

Depois do PEC IV que levou à queda do governo do PS chefiado por Sócrates, já devemos ir no PEC X , sempre com mais austeridade, que provoca crescimento negativo, que gera diminuição de receitas, que por sua vez exige mais austeridade...é o chamado circulo vicioso . Quem cai nele, como aconteceu com a Grécia entra em período de convulsão social, o que agrava mais a crise ao juntar à crise financeira uma crise política e social. Em Portugal caminhamos para este patamar... Na explicação dada pelo Gaspar, este PEC além da continuação do ajustamento necessário para cumprir as metas (revistas) têm de compensar em mais de  1% a queda das receitas devido à crise económica, ou seja o equivalente a um subsídio dos funcionários públicos (o que já traduz o impacto do ciclo vicioso). O governo passou da visão neoliberal para uma visão de cariz social democrata , mas de direita, ou seja, passa a haver sacrifícios para o capital, mas mais leves do que os sacríficios pedidos aos trabalhadores, qu

A TSU e o fracasso político do governo

A proposta de TSU do governo de retirar  estes encargos às empresas e cobrar aos trabalhadores provocou uma ruptura política no governo entre os membros da coligação e principalmente enfraqueceu a base de apoio do governo , como se viu pela quase unanimidade na sua rejeição, quer entre economistas, quer na concertação social, quer entre os cidadãos que se manifestaram na rua. Até as recentes sondagens dão quebras acentuadas nas intenções de voto nos partidos da coligação. As causas disto parece-me que foi acima de tudo ideológica, ou seja, até agora o governo ao abrir a porta ao neoliberalismo conseguiu mascarar estas tomadas de posição com a necessidade de austeridade para resolver a crise. Ou seja, o governo foi aplicando a sua matriz ideológica, mas encondendo-se sob a capa de medidas para combater a crise . Mas com esta medida ficou claramente a descoberto a opção ideológica do governo, tirar aos trabalhadores para dar aos patrões . Até os próprios patrões, temendo os prejuízos r

A indústria de 3ª geração, a europa e o emprego.

Li hoje num jornal que a Comissão Europeia prepara uma estratégia de promoção do crescimento com base em indústrias de 3ª geração, tipologia proposta por um economista americano chamado de Rifkin, que desconheço. De qualquer maneira as indústrias propostas são indústrias que apostam numa rede europeia de energia limpa, a produção dessa energia, a revitalização da construção civil para construir ou recuperar edifícios amigos do ambiente, aposta no carro elétrico . Esta estratégia parece-me apropriada, pois 1º é uma aposta no crescimento, 2º aposta em indústrias que não terão concorrência a curto prazo de países com baixo custo da mão-de-obra, 3º a parte da revitalização da construção civil criará mais emprego, que é necessário neste momento, 4º a focagem na redução dos problemas ambientais. Esperemos que esta ideia avance.

Revisão do plano de austeridade para Portugal.

Os últimos números conhecidos, nomeadamente a previsão da OCDE, aponta para um não cumprimento das metas do défice do Estado, particularmente em 2013, a par de uma revisão que aponta que se vai manter em 2013 o crescimento negativo de -0,9% (contra +0.6 do governo). Estas previsões exigiriam mais austeridade . Ora, qualquer acréscimo de austeridade agravará a recessão económica e a recuperação tão desejada . Os ventos de mudança que Hollande protagonizou, que foram reforçados no âmbito da cimeira dos G8, pode ajudar a mudar de atitude e em vez de mais austeridade poderemos ter programas que pelo menos incentivem o crescimento, como a hipótese de se financiarem investimentos aprovados pela Comissão Europeia com recurso a euro-bonds . Além disso, seria importante flexibilizar o programa de ajustamento, não relevando quaisquer derrapagens em relação aos objetivos traçados: na prática seria dar mais um ano para se fazer o ajustamento . Da avaliação feita do ajustamento pelo grupo de a

A economia portuguesa resiste ao choque da auteridade

No 1º trimestre de 2012 a economia portuguesa decresceu 2,2% menos do que o esperado, devido ao bom comportamento das exportações e à resistência na queda do consumo interno . Sobre a boa resposta das exportações estamos perante um aumento da competitividade, antes das medidas do governo terem tido efeito, pelo que se pode questionar as medidas referentes ao código laboral e à redução dos feriados , que ainda não entraram em vigor. Claro que a redução dos custos laborais pelo congelamento dos salários já se faz sentir e aqui temos com certeza um efeito positivo sobre a competitividade. Já a queda menor do que o esperado do consumo interno é um fator que merece reflexão, não tendo ainda qualquer explicação para o fenómeno numa conjuntura em que há redução de salários reais e menos consumo público. Brincando um pouco, nem se pode dizer que o efeito consumo da promoção do Pingo Doce, ainda esteja contabilizado nestes dados. 

Da teoria (campanha eleitoral) à prática

Depois da vitória do Hollande vejamos qual o seu espaço de manobra para concretizar as suas promessas eleitorais. Com as eleições legislativas a curto prazo o seu discurso não deve mudar muito, mas após estas veremos o que consegue levar à prática do que prometeu. Verdade seja dita só a hipótese de vitória já colocou em cima da mesa a agenda de crescimento. Vamos ver como se concretiza. A hipótese de se avançar com os Eurobonds tem algumas pernas para andar se essa emissão for limitada a projetos de investimento aprovados pela comissão,e ou a uma percentagem da dívida dos países, entre 10 a 20%. A agenda do crescimento também poderá passar por equilibrar o esforço de ajustamento, entre o esforço dos incumpridores já em curso e medidas expansionistas nos países sem problemas de cumprimento, ou seja, o esforço de ajustamento deixaria de ser unilateral e passaria a ser bilateral, em que uns aplicariam a austeridade e outros uma política expansionista para ajudar a eurolândia a recupera

A batalha europeia: por uma austeridade mais gradual

A batalha europeia, por uma austeridade mais gradual que permita evitar a perda de menos tecido produtivo, trava-se na Espanha . Não tendo a Espanha um resgate não deixa de ter de reduzir o seu défice e cumprir os 3% do PIB de limite do défice. Mas, com já tem uma taxa de desemprego de 24%, o governo não pode arriscar as receitas de austeridade seguidas em outros países europeus e fazer o ajustamento em 2 anos, sob pena de fazer disparar o desemprego e entrar em convulsão social (a recente greve geral foi um sério aviso) . O governo procura assim enfrentar os arautos da austeridade da Comissão para que possa sobreviver e contrapôs um ciclo de ajustamento mais longo e suave ao sugerido pela comissão europeia. Outra batalha na Europa trava-se em França, esta é a batalha pelos Eurobonds , em que Sarkozy defende a linha dura dos financeiros e Hollande aparece como representante de uma arquitectura europeia financeira mais flexível, em que caiba e seja possível a emissão de eurobonds para

O contágio espanhol.

O agravamento da conjuntura em Espanha, poderá agravar a recessão da economia portuguesa, porque é o nosso principal cliente, quer porque os mercados ficarão mais desconfiados. A notícia positiva é o aumento das exportações para os países emergentes. As dificuldades em Espanha poderão também levar à revisão do nosso plano de ajustamento tornando-o mais extenso em termos temporais, se os organismos internacionais concretizarem os cenários onde prevêem o alongamento da prazo de ajustamento. Outro tipo de contágio poderá vir das contestações sociais, que podem ganhar folgo em Portugal seguindo as pisadas dos espanhóis. O governo continua a não assumir reformas estruturais e a não afrontar o capital, quando aparece com pezinhos de lã na revisão dos contratos das PPP, ao contrário do que fez com os trabalhadores, onde não hesitou na revisão de direitos adquiridos.

Rapidez com os cortes salariais e demora com a revisão das PPP e rendas monopolísticas

O governo já fez 8 meses e se foi lesto nos cortes salariais, com a revisão das PPP e rendas monopolísticas ainda nada se viu de concreto . Não só nada se viu como começa a ser plausível que o poder dos monopólios se esteja a sobrepôr à boa vontade de alguns governantes em cortarem também nos pagamentos do Estado contratualizados no âmbito das PPP e das rendas energéticas. O 1º indicador disso é o tempo que estas medidas começam a demorar em aparecer. O 2º indicador é a queda do secretário de Estado da energia, depois da sua intenção de cortar rendas ser tornada pública e contestada pelo Mexia da EDP, que atacou o estudo técnico que sustentava a posição do dito secretário de Estado. Começa a ser claro que mais uma vez a política dos partidos de direita continua de mãos dadas com os grupos económicos poderosos e brutal para com os trabalhadores por conta de outrem . Ou seja, a direita não exita com os sacrifícios pedidos a quem trabalha e exita com as medidas contra os grupos económic

A conflitualidade de objetivos de política económica

Com o programa de ajustamento assinado com a tróica são enunciados dois objetivos conflituantes: o equilíbrio financeiro do défice do OGE e o crescimento económico . Tais objetivos são conflituantes porque a prossecução do primeiro implica recessão, na medida em que reduz os gastos do Estado, logo vai provocar pela redução da procura interna uma quebra do PIB que se espera ser de -3,3% em 2012. Contudo, o crescimento também é um objetivo, mas de médio prazo, que deverá ser alcançado com reformas estruturais, nomeadamente com o aumento da concorrência no país, quer no mercado de trabalho, quer no mercado de produtos. Falta saber se depois do tratamento a economia ainda terá forças para voltar a crescer numa conjuntura internacional que não ajuda a retoma pelo lado das exportações?

Sessão fictícia da concertação social.

Estamos no ano de 20?? e reúne a concertação social para discutir a política de rendimentos para o ano seguinte, tendo havido uma inflação de 4% e um aumento de produtividade de 2%. Os sindicatos propõem: aumentos salariais de 5% , 4 para compensar a inflação e 1% para dividir os ganhos de produtividade. O salário mínimo esse deve subir os 6% para incentivar a criação de postos de trabalho mais exigentes do ponto de vista tecnológico,  e faz-se este aumento sem penalizar demasiado o setor de mão de obra intensiva, uma vez que o aumento está ao nível dos ganhos de produtividade médios da economia mais a inflação existente. Esta proposta visa reforçar a percentagem dos rendimentos do trabalho no rendimento criado, sendo pois uma medida que deve ser encarada do ponto de vista redistribuitivo. Os patrões questionam o uso da inflação homóloga e contrapropõem o uso da inflação média, mais baixa 0.5 pontos e reivindicam 1,5% dos acréscimos de produtividade. Portanto a sua proposta é de 4

A questão do Carnaval e da pieguice

O país está em austeridade e penso que cabe ao governo criar expetativas de rigor e contensão . Portanto, não estou em desacordo com o fim da tolerância de ponto no Carnaval, mas entendo que o prazo foi muito curto para apresentar esta decisão, havendo prejuízos para as localidades que apostam forte nos festejos do entrudo. Mais uma vez se nota uma falta de planeamento do governo que permita ao governo orientar as expetativas dos agentes económicos em tempo oportuno de modo a alterar as tradições sem provocar custos elevados, pois muitos dos contratos para as festas carnavalescas já estavam assinados. Esta é uma maneira errada de atuar, mesmo que concorde com a razão de ser. Por outro lado é dispensável a demagogia da produtividade , pois o verdadeiro problema de produtividade está na minha opinião na organização empresarial que temos e na falta de investimento em tecnologia avançada. Mas concordaria que é preciso fazer passar a mensagem do aperto que passamos e da necessidade de mud

Os problemas estruturais da Europa

Voltei a ver o programa de segunda-feira do Medina Carreira e estou de acordo que para além das questões do défice e da dívida pública, há outros problemas estruturais que não têm sido discutidos, a saber: * A deslocalização da indústria provocada pela globalização que explica a subida sustentada da taxa de desemprego nos últimos anos ; * A subida sustentada do preço do petróleo desde 2000, que tem provocado uma punção no excedente criado pelas economias ocidentais a favor dos países produtores de petróleo e gás natural. Ora é estranho que estes problemas estruturais não têm sido objeto de discussão no âmbito da UE. Ainda sobre o preço do petróleo o especialista presente no debate considerou que não há falta de matéria-prima e que o preço adequado em termos  de produção andaria pelos 50 dólares. A razão de ser do preço acima desse valor tem a ver com a necessidade de esses países financiarem as suas políticas de melhoria do nível de vida das populações. Senão houver uma melhoria de
O debate sobre o excesso de austeridade. Através da da diretora do FMI começa a aparecer uma linha de reflexão económica baseada no excesso de austeridade , em que se corre o risco de matar o doente com a cura . Esta mesma linha de pensamento também transparece na nova posição do Vice-presidente da Comissão Europeia e responsável pelo pelouro da economia, que depois de só falar de austeridade começa a enfatizar a necessidade de crescimento económico. Também algumas agências de rating, acusam alguns países europeus de apresentarem fraco crescimento económico e portanto de ser esta uma das condicionantes que explicam a baixa de rating. Estamos pois no início de um processo de viragem na filosofia dominante , que mais cedo ou mais tarde deverá levar, como corolário, a uma renegociação da dívida em Portugal . Quanto mais depressa tivermos números razoáveis, mais estaremos em condições em pensar nessa renegociação. Antes disso é preciso encontrar uma solução para a situação grega que mos
A GUERRA DÓLAR / EURO Para quem ainda tinha dúvidas, os últimos acontecimentos, ou seja, a redução do rating de vários países europeus entre os quais a França e a Áustria, veio mostrar que estamos mesmo perante uma guerra entre o euro e o dólar, para evitar que o euro reparta com o dólar os direitos de emissão de uma moeda internacional. Lembrando a história, nos anos sessenta as balanças excedentárias dos países europeus, França e Alemanha, levaram a França, de DeGaule, a pedir ouro em troca dos dólares que detinha aos EUA. Na sequência desta pressão acabou a convertibilidade do dólar em ouro em 1971. Mas o dólar manteve o mesmo estatuto de moeda única internacional e que se traduzia na principal matéria-prima, o petróleo, ser cotado em dólares. Inicia-se o período dos petrodólares, em que os países produtores de petróleo acumularam dólares nos bancos ocidentais, devido ao aumento do preço do petróleo a partir da década de setenta. Este sistema só começou a ser ameaçado com a cria