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A mostrar mensagens de 2008

A CRISE JÁ COMEÇOU PARA O GOVERNO

Depois da fase do oásis , parece que a crise começou para o governo : vamos ter um ano de 2009 difícil, Sócrates dixit . Assim, surge a preocupação com o emprego , o novo pacote de medidas está mais virado para o desemprego, o défice vai chegar aos 3%, há uma maior preocupação com a arraia míuda e não com os grandes negócios - leia-se grandes projectos e apoio aos bancos -, indo-se ao encontro da filosofia do PSD de combate à crise, que passava pela aposta em pequenas obras de impacto mais local - caso das obras nas escolas. O que fez virar o governo para um discurso mais realista e para medidas centradas nos desempregados e pequenas e médias empresas? Julgo que a revolta da esquerda do PS com o pendor de centro direita deste governo , chamou a atenção para uma mudança de política, de que a revolta dos professores foi um primeiro sinal. Estou a falar das tomadas de posição do Manuel Alegre e das sondagens que davam à esquerda mais de 20% dos votos , dando sinais a Sócrates que a p

Vai haver queda do rendimento disponível em 2009?

O rendimento disponível dos particulares disse ontem o Sócrates vai diminuir porque a inflação vai ser menor, o preço dos combustíveis baixaram e os encargos com os empréstimos à habitação vão baixar com a baixa da euribor . Ainda que tudo isto não seja mérito do governo , mas o resultado quer da conjuntura internacional, quer da política monetária conduzida pelo BCE, isto é verdade. Mas é uma meia verdade , porque no rendimento disponível entram outros factores, como o rendimento das famílias, em queda devido ao aumento do desemprego , ou os impostos pagos, que vão continuar na mesma ou ter subidas marginais, este último caso uma variável controlada pelo governo que tem optado por continuar a controlar o défice através do aumento da carga fiscal e não pela redução da despesa - o programa PRACE está na gaveta. Não é honesto ou talvez seja ignorância os políticos só olharem para os números que lhes interessam, tem que se ter uma visão holística dos problemas, pelo que o discurso cor

A globalização e a supervisão

O mundo globalizado coloca desafios maiores à supervisão, porque é mais fácil esconder «os pagamentos por fora», nos paraísos fiscais ... A escala nacional está a perder capacidade de resposta aos problemas glolais, assim torna-se absolutamente imprescindível avançar para uma supervisão global , mas esta não pode deixar de fora os tais paraísos fiscais. A crise veio tornar visível esta necessidade e aumentar a coragem de alguns governantes para se caminhar nesse sentido. A última reunião dos G20 deu passos tímidos, mas deu, nesse sentido. Cá está a velha teoria que as crises geram novas oportunidades de se avançar. Para já só se fala em coordenação das supervisões . Estou convencido que o facto de Obama ainda não ser presidente também levou a adiar as decisões, para além da declaração de princípios, para mais tarde, pelo menos assim o espero e estou convencido que lá para a Primavera teremos mais novidades. Mas nada disto explica o caso BPN, porque, percebe-se agora, que já andava no a

A luta política em volta do OGE está a animar

Nao é a 1ª vez que o governo faz uma marcação cerrada às propostas que possam dar votos. É assim, que está a corrigir alguns tiros dados com a proposta de OGE. Lá que se beneficiem as grandes empresas tudo bem, mas que se abra a porta ao financiamento dos partidos por aquelas já é um tiro no pé a corrigir, depois das denúncias públicas. Tudo o que der votos é para cooptar, como é o caso da proposta de pagamento das dívidas do Estado às empresas, mesmo que se entre em contradição, ao rejeitar-se a proposta num dia e ao agarrá-la com unhas e dentes no outro. Já agora a alegoria de que as obras públicas só criam emprego em Cabo Verde foi um fiasco, assim como a questão do salário mínimo nacional por parte da Ferreira Leite, que não percebe a necessidade de mudar de paradigma e deixar o modelo assente em mão de obra barata, mas no resto esteve bem. De facto também acho que é preciso saber escolher os grandes investimentos estritamente necessários em momentos de crise e com o sistema financ

Sobre a proposta de OGE para 2009

Esta proposta trava a descida do défice nos 2,2% para acomodar medidas de combate à crise. Mas conforme disse o Carreira, Medina nestes quatro anos a percentagem da despesa pública no PIB continua na mesma, portanto o combate ao défice foi feito pelo lado da receita. Por outro lado, a polémica com a Ferreira Leite prova que se o estado cumprisse com as empresas estariamos nos 3% com o déficite. E não fica nada bem ao Estado pregar e não cumprir, ou seja ser rígido com os recebimentos, impostos, e mão largas com os pagamentos, atrasos. Por outro lado, estou de acordo com a prioridade a dar às PMEs porque são elas que podem fazer alguma coisa pelo emprego, porque representam mais de 90% deste. No fundo o que o se diz é que o orçamento benefícia as grandes empresas, com as obras públicas, dá-se umas migalhas às PMEs, dá-se um aumento real marginal nos salários dos funcionários públicos, para logo lhes tirar um pedaço com a actualização dos escalões de IRS inferior ao aumento dado. Já me p

Da crise do sub-prime à crise mundial

A crise a nível mundial é um facto e parece estar a atingir em força o sistema financeiro. Claro que se o sistema financeiro é atingido mais cedo ou mais tarde vai atingir o sistema real devido ao efeito da subida das taxas de juro no investimento e no consumo, além de que parte dos recursos do Estado estando a ser utilizados no combate à crise não podem ser usados para promover o investimento público. Nas soluções para combater a crise para mim faz todo o sentido responsabilizar os gestores que ajudaram a que esta crise existisse, aqueles da versão alentejana que introduziram o livro de fiados da tasca do Zé como produto financeiro (ver na blogosfera a versão alentejana da crise). Se temos de expurgar o sistema dos produtos tóxicos com dinheiro de todos ao menos que se expurguem também os intoxicadores, os que foram responsáveis pelo actual estado de coisas. Neste sentido parece-me importante a opinião de um bispo sobre a imoralidade dessa gente que tem salários chorudos e ainda estra

Corrupção e economia

Quem tem de leccionar a temática do desenvolvimento tem inevitavelmente de abordar o tema da corrupção , como um factor de atraso no caminho para o desenvolvimento e de distorção dos mercados. Sabemos que Portugal não é imune a esta praga, mas não pode deixar de nos admirar, como prova da existência deste fenómeno, o tempo que a problemática das leis anti-corrupção está a levar na AR e a indecisão sobre os contornos da mesma. Desde a iniciativa de Cravinho que já transcorreram cerca de 18 meses para se chegar algo, em que os aspectos mais vigorosos das propostas têm ficado pelo caminho. A estratégia parece ser fazer qualquer coisa mas com buracos suficientes para que fique tudo na mesma . Quem tem liderado este processo são os partidos do bloco central, ou seja, aqueles que vão passando pelo governo e que estão interessados em que pouco mude. Infelizmente esta questão não vai ser central no debate eleitoral , porque é incomoda aos maiores partidos, mas eu como cidadão estarei atent

As opções gerencialistas e o calendário eleitoral

É hoje notícia do dia a queda do Ministro da Saúde , Correia de Campos, que estava a aplicar uma política economicista numa das áreas sociais mais sensíveis e que tinha começado a mobilizar cada vez mais gente na defesa da Saúde próxima das populações, ou pelo menos que ao desmantelar estruturas existentes pusesse em funcionamento alternativas credíveis, o que não estava a acontecer, veja-se a polémica entre o INEM e os bombeiros - ao cair o ministro fez um pedido não me chamem o INEM... Este facto prova que o governo entrou decididamente numa nova fase, a de dar uma imagem mais favorável, deixando para trás as reformas inevitáveis penalizadoras das populações. Mais, a máscara de ferro do governo de que o que estava a fazer tinha que ser feito também caiu, afinal há formas diferentes de se fazer as coisas e políticas a corrigir, aquelas que mais podem penalizar o governo com o aproximar das eleições . A infalibilidade deu lugar a correcções, afinal são humanos e não deuses e como hu

Segunda e terça feiras negras

Ontem e hoje as bolsas mundiais estão a cair bastante, acima dos 5% e acumulando quedas desde o início do ano de 15 a 20%. Por isso são chamas de dias negros . As causas destas quedas são a crise do mercado imobiliário nos EUA e o acentuar de expectativas pessimistas que preveêm uma recessão neste país. Portanto, o pior cenário de recessão nos EUA, tudo indica, que vai concretizar-se, pelo menos é esta a expectativa dos agentes económicos nesta altura, depois de meses de indefinição. Agora é preciso as autoridades agirem para reduzirem os seus efeitos na economia real e o tempo de duração da crise. Nesta perspectiva é importante a baixa de juros pelo FED e um pacote fiscal para reduzir os impostos que vão actuar como dinamizadores da procura, de que se começa a falar. Basta o anúncio destas medidas para começar a haver uma inversão de expectativas. Do ponto de vista político esta crise favorece os democratas; o timing das eleições em Espanha já é favorável ao governo de Zapatero,

Quando o gerencialismo se torna desumano

Aconteceu em Portugal, um aumento retroactivo de pensões vai ser pago em prestações, ou seja em média 9 € vão ser pagos aos centimos durante o ano de 2008. Esta atitude traduz a visão gerencialista de que só uma maneira correcta de fazer as coisas, mesmo que invadindo o poder de decisão dos indivíduos, que não podem ter 9 € em seu poder senão gastam-nos mal, ou seja todo de uma vez ...(justificação do secretário de estado na TSF). Essa maneira correcta não deve ser decisão dos indivíduos mas do governo, porque no gerencialismo só os chefes (governantes) é que sabem e ao povo cabe obedecer. Dito de outras maneiras há os que decidem e os que executam ... Ora acontece que alguns pensionistas recebem pensões muito baixas e se calhar receber o dinheiro todo junto que já dava para pagar dívidas na mercearia ou na famácia. Claro senhor governante estamos a falar de pessoas que fazem malabarismos financeiros para irem sobrevivendo. Não lhe ocorreu? Quando se decide do nosso pedestal sem sentir

O caso do BCP

Ainda hoje numa das minhas aulas fui questionado sobre o que se passava no BCP . Expliquei que num dos últimos aumentos de capital, o banco financiava a compra de acções através empréstimos mediados através de paraisos fiscais, garantindo o sucesso da operação e controlando a entrada de accionistas indesejáveis. A operação deixava de ser transparente como mandam as regras das bolsas, passando a ser uma operação completamente controlada no sentido da salvaguarda dos interesses dos que controlavam o banco. Este caso só veio a público porque as comadres se zangaram e começaram a lavar a roupa suja. O banco central parece que pediu informações na altura, mas a resposta foi tranquilizadora. Então não é que para o Banco Central investigar é pedir informações e acreditar nelas ? Por isso nada aconteceu na altura. Mas agora o caso pia mais fino, na luta pelo poder em curso há que explorar o assunto para afastar certos actores. Ou seja, o BC só intervem quando apoia certos interesses? Esta lógi