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A mostrar mensagens de abril, 2015

A estratégia do PS: um pouco de economia política

Costa está a gerir com pinças as mensagens que quer dar aos diferentes eleitorados.  Para o centro apresentou um cenário macro económico que não fala da dívida , assunto tabu, para não assustar o centro. Para o centro as metas são quantitativamente diferentes das do governo, veja-se post anterior, mas a estratégia é a de acomodar as exigências de membro da UE, tal como o governo faz, logo sem divergências qualitativas . Por outro lado aparece ao lado de Piketty, que defende que o principal da problema é a questão da dívida , além de ser um economista com uma análise de esquerda a favor de uma melhor repartição do rendimento e proponente de impostos sobre a riqueza, como o imposto sucessório que aparece nas propostas do PS. Aqui estamos perante uma linguagem (imagem) que se distancia do centro e pisca o olho à esquerda. Mas os compromissos são assumidos claramente com o centro e para a esquerda não há propostas claras, somente insinuações. Além disso, temos outra mensagem para a es

Comparação entre os cenários macro do governo e do PS

O Plano de Estabilidade publicado na semana passada é um autêntico programa governativo para o próximo governo, por parte da coligação no governo . Temos assim, uma primeira indicação do programa eleitoral da coligação entre CDS/PSD, apesar desta ainda não ter sido anunciada. Este programa prevê taxas de crescimento superiores a 2% a partir de 2016. Na minha opinião este programa é bastante otimista, uma vez que no século XXI, numa tivemos este nível de taxas. Contudo, é um cenário possível se levarmos em conta que o PIB decresceu acentuadamente, logo agora haverá espaço para algum crescimento, mas julgo que não tão otimista. O défice orçamental vai continuar a diminuir até atingir um superavit em 2019, de 0.2%, diminuindo cerca de 0.6/0.7 ao ano . Este ajustamento pressupõe também um alívio da austeridade de cerca de 20% ao ano na reposição de salários e pensões. Há, contudo, uma diminuição da despesa de pensões, prevista para 2016, com um target de 600 mil milhões, sem medidas q

Resumo dos quadros do Medina Carreira de ontem na TVI

Ontem, dia 13/4, Medina Carreira apresentou a sua tese sobre a crise que se vive na Europa e EUA no século XXI. A sua tese é que depois de crescer com médias acima dos 5% até à década de setenta e desde os anos 50, nas décadas de noventa e oitenta o crescimento abrandou na OCDE para um nível entre 2,5 e 3%. Depois na primeira década do novo século o crescimento passou para uma média inferior a 1% em todo o mundo ocidental. É esta redução brusca do crescimento que está na origem profunda da crise vivida após 2008. A origem da crise foi manter-se um nível de despesa (associado ao estado social) que só era compatível com as anteriores taxas de crescimento e numa fase em que se tornava difícil subir impostos, porque têm vindo a crescer desde a crise petrolífera da década de setenta. Assim, as despesas tenderam a ser financiadas com recurso ao crédito, criando-se uma bolha que rebentou. Assim, parece que o euro não tem um impacto significativo, pois se tivesse a crise seria um fenómeno

A revisão das taxas de crescimento económico

Tem havido revisões em alta das metas de crescimento económico , por parte de várias organizações, falando-se de crescimento entre 1,5 e 2 %, para 2015. O que está na base desta revisão? O sucesso do programa de ajustamento? Parece-me que não, pois a estrutura da economia pouco mudou, como já analisámos em posts anteriores. O que me parece que está a acontecer é uma conjuntura muito favorável devido à queda do preço do petróleo, à desvalorização do euro e à queda dos juros . A baixa de custos dos combustíveis e a alteração cambial, têm um efeito imediato nas exportações. Já a queda das taxas de juro têm um efeito mais diferido, pelo que só se deverá sentir com o aumento do investimento em anos vindouros, em 2016 e seguintes, também impulsionado pelo envelope da ajuda financeira da UE, que começa a ser executada no 2º semestre de 2014.