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A mostrar mensagens de 2007

A nova gestão escolar - mais taylorismo menos toytismo.

A nova gestão escolar proposta pelo PM na AR cria o cargo de director executivo, com poderes totais na escolha da sua equipa: CP, departamentos, etc. É nomeado pelo Conselho Geral, por concurso. Esta reforma é tributária das teses neoliberais , para quem o gerencialismo é tudo, isto é, há uma pessoa que manda e constitui a sua equipa, que chega até à nomeação dos responsáveis pelos departamentos. Ora, se esta proposta restringe a democracia à escolha dos representantes ao parlamento, leia-se Conselho Geral, é bastante limitativa da participação democrática . O governo vai aplicar este modelo também ao poder local. Como diz o PCP é o fim da escola democrática. É também mais um passo no apertado controlo sobre os professores entendidos como executantes, ou seja, estamos no paradigma Tayloriano , em que os chefes pensam e os subordinados executam . O paradigma do toyotismo em que cada trabalhador qualificado é tratado como ser pensante e útil à organização pensando e não só executando é

A globalização

O tema da globalização faz parte do programa de Economia C, mas sendo o tema muito actual, vem relativamente insuficientemente tratado nos manuais, no sentido de estar muito resumido, com medo de realçar aspectos ideológicos, mas por outro lado não fugindo a questões como os direitos humanos, os seus impactos negativos, etc. Depois de dadas algumas aulas sobre a parte histórica mais consensual, ao entrar na parte mais técnica como a liberalização de capitais encontrei algumas lacunas como a instabilidade financeira após o fim da ligação do dólar ao ouro. Para superar estas lacunas e porque encontrei textos muito interessantes na net sobre o tema, decidi substituir o 2º teste de avaliação por um trabalho de síntese de um texto sobre a temática com cerca de 20 páginas, que seria apresentado e defendido em oral. Os resultados são muito satisfatórios e muito mais plurais que a visão do manual, o que seria de esperar num tema de grande actualidade. Além disso o debate tem sido muito mais v

O debate de hoje na TSF sobre a medida do desenvolvimento

O debate sobre como medir do desenvolvimento é um tema tratado nos novos e anteriores programas de Economia no secundário, pelo que achei curioso este debate chegar ao forum da TSF. Quero dizer que é esta inter-relação entre o que se ensina nos programas do ensino secundário e o debate de economia política que procuro utilizar como fio condutor da motivação dos meus alunos , isto é, procuro demonstrar que o que se ensina serve para compreender os debates económicos, de forma a estimular o interesse pelo estudo da economia, na medida em que esta disciplina é um instrumento para se compreender a sociedade em que se vive e dar possibilidade de participar nos debates da sociedade e mesmo votar mais consciente das escolhas mesmo para alunos com este nível de formação.

O aeroporto novo - contributo para uma discussão

A questão do novo areoporto de Lisboa é sem dúvida um tema relevante para a democracia , porque será um tema decisivo nas próximas eleições, pelo seu impacto económico e de estruturação do espaço geográfico em redor da capital . Como eleitor não tenho dados para formular uma opinião definitiva, mesmo sendo economista, porque não tenho acesso a todos os estudos já existentes. Dito isto, há algumas questões interessantes a levantar. A saber: Numa época de aperto orçamental em que o Estado pede sacrifícios aos portugueses a escolha da localização mais económica parece relevante , pelo que não se compreende que o estudo da localização de Alcochete só tivesse sido considerada por iniciativa da sociedade civil. O que se procurava esconder? Mesmo sendo economista não coloco as questões económicas como as únicas relevantes, muito menos as considero parcialmente, isto é, só o aeroporto em si, sem considerar o seu impacto na estruturação da rede viária, pelo que o seu efeito em termos de custos

O Tratado de Lisboa

Hoje vamos falar de um aspecto institucional: o acordo para a assinatura em Dezembro do TRATADO DE LISBOA. A existência de regras claras a nível institucional é sem dúvida um factor de estabilidade facilitador do crescimento e da cooperação económica no bloco dos 27 que formam a UE. Ora a UE conseguiu chegar a acordo sob o funcionamento das instituições a 27, regra da maioria obedecendo a um duplo critério no Conselho de Ministros, o da maioria de países e da maioria populacional,a composição da Comissão, a repartição de deputados do PE, o alargamento das matérias que obedecem ao princípio da maioria qualificada, etc,. Este acordo político / institucional permite antever que não haverá obstáculos institucionais ao reforço do bloco económico, ou seja, a economia deve continuar a reforçar-se na UE-27, para já não falar do novo modelo da representação dos 27 nos foruns internacionais e seu possível reflexo positivo. Se tal efectivamente acontecer, significa que vamos ter crescimento indu

O OGE para 2008

O OGE para 2008 começou a ser apresentado, por um lado, é mais do mesmo, centrado na redução do défice e pouco no incentivo ao crescimento económico, como dizia no anterior post, muito peso político do Ministério das Finaças e pouco peso do Ministério da Economia . Contudo, por outro lado, a proximidade das próximas eleições para a AR e o facto de se ter atingido o objectivo dos 3% de défice, permitem e impõem algumas inflexões como promessas de atenção ao rendimento dos funcionários públicos - os que ficarão no sistema -, os grandes sacrificados até agora, e uma dinamização do investimento público. São pequenos doces, que vão sendo recheados de chocolate à medidade que se aproxima o tempo de eleições. Mas não tenhamos ilusões os efeitos das alterações legislativas para reduzir a despesa pública vão continuar a sentir-se ou mesmo começar a sentir-se. De facto, o edifício legislativo está quase completo, mas a sua aplicação com medidas gravosas vão continuar a ser executas com cada vez

A subida da taxa de desemprego

Neste início de Outono a taxa de desemprego continua a subir atingindo os 8,3%. É um mau resultado para o governo, agora que entramos na fase mais crítica eleitoralmente do mandato do governo, ou seja, os últimos dois anos antes de eleições. Como se sabe estes resultados são inoportunos, tanto mais quanto o governo tem fugido deste tema nos debates parlamentares. Ora este resultado devia ser esperado porque a política orçamental é sem dúvida pouco favorável à criação de emprego, porque a sua prioridade foi combater o défice, quer pelo lado da despesa com redução de efectivos na Administração Pública e do Investimento Público, quer do lado das receitas, mais impostos que não criaram um clima favorável à iniciativa privada e ao investimento privado. Apesar da situação orçamental o país tem crescido, menos do que a europa, porque a conjuntura externa tem ajudado, apesar da política monetária do BCE de subidas das taxas de juro como medida para arrefecer as pressões inflacionistas. Mas mai

A propósito dos factores de crescimento económico

Ao dar uma aula sobre factores de crescimento económico lembrei-me de comparar as economias portuguesa e irlandesa, a segunda como paradigma de caso de sucesso. Os factores de crescimento indicados no manual são o alargamento dos mercados interno e externo, o investimento e o progresso técnico . Ora é indubitável que Portugal beneficiou da entrada na CEE/UE a partir de 1986, apesar da abertura de fronteiras vir a ser feita desde a entrada para a EFTA. A Irlanda está no espaço europeu desde 1973, se a memória não me falha, pelo que este factor já estava explorado nas décadas de oitenta e noventa. Portugal após 1986 beneficiou dos fundos comunitários que canalisou para o investimento. Mas o investimento tem várias componentes, as infraestruturas, o investimento produtivo e o investimento em recursos humanos. Ora Portugal previligiou nas décadas de oitenta e noventa o investimento em infraestruturas, enquanto os irlandeses apostavam na valorização dos recursos humanos e na atracção de inv

Quando os EUA espirram a europa constipa-se

Vivemos uma conjuntura económica, em Setembro de 2007, caracterizada pela crise do mercado imobiliário nos EUA que se propagaram ao mundo inteiro pela forte exposição de vários bancos ao tal mercado que levou os bancos centrais a injectarem moeda no sistema bancário. Mas este acontecimento provocou alguma perturbação traduzidas em quedas bolsistas e abrandamento do crescimento económico, que se traduziu na revisão em baixa das previsões de crescimento para o resto do ano e próximo ano, em resultado da desvalorização do dólar e da subida do preço do petróleo, ambos a baterem recordes históricos. Em fase de crescimento fraco da economia portuguesa esta conjuntura internacional não é muito favorável para o desiderato de crescermos acima da média europeia. Ou seja, a conjuntura interna com a política orçamental em ciclo restritivo vai agora deixar de contar com uma conjuntura externa favorável que estava a ser o motor do crescimento das exportações e estas da economia, uma vez que consumo

Exemplificando1

Para ilustrar o meu post anterior nada melhor que os casos da Dren-Charrua e Directora centro de saúde de Vieira do Minho-Ministro da Saúde, um com processo disciplinar e o outro com demissão por falta de lealdade. Estes casos até vão um pouco mais longe na repressão à liberdade de expressão,o que tem a ver com a existência de um governo demaioria absoluta. A metodologia utilizada será seguida daqui para a frente,ou seja, um post mais reflexivo seguido de outro mais exemplificativo.

A favor de uma gestão humanizada e contra o gerencialismo

Vivemos um período da vida económica caracterizada pela globalização que impõe em nome da concorrência várias coisas, desde a sociedade do conhecimento, até ao gerencialismo. Vamos hoje centrar-nos nesta última questão, caracterizada pela necessidade de uma gestão forte, se necessário musculada, para controlar custos e poder garantir a competitividade num mundo globalizado. Significa isto que a variável estratégica na empresa é a gestão, que deve ser impositiva e responsabilizada pelos seus actos. Ora uma primeira contradição destes teóricos é defenderem também a necessidade de a gestão se apoiar em recursos humanos qualificados. A contradição resulta do reconhecimento implícito da necessidade de bons recursos humanos e não só de boa gestão. Outra contradição é que se a gestão aparece como impositiva, os bons recursos humanos pouco espaço terão para a sua participação na vida da empresa, terão de ser colaboradores do tipo tayloriano, estão para trabalhar e não para pensar. Se assim é p