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A mostrar mensagens de 2015

Agora o caso do Banif: será desta que afastamos o CC?

Voltamos aos problemas com a banca, agora coube a vez ao Banif. Aqui houve sem dúvida um adiar da resolução do problema por parte do anterior governo, que agora procura sacudir a água do capote. O governo anterior procurou a todo o custo cumprir os 3%, mas adiando os problemas e protegendo-se de casos durante a campanha eleitoral , pagando todos nós este tacitismo político. Por parte do supervisor uma total incompetência na sua função , deixando agravar-se os problemas. A solução encontrada protege os depositantes, mas devia penalizar o capital, o que não sei se acontece. Outra coisa que não se percebe é porque tendo o Estado a maioria, continuou uma gestão da família de acionistas privados? Vejamos se da comissão de inquérito (que é consensual) saem culpados, com o governador do BdP a ser afastado, pois já chega de casos relacionados com este técnico que se tem mostrado incompetente.

A necessidade de garantir um défice abaixo dos 3% com uma expansão da procura interna

O desafio deste novo governo é manter um défice abaixo dos 3% com uma política expansionista do lado da procura, que beneficie os mais baixos rendimentos, para que o défice com o exterior não se agrave. Vejamos a questão do défice , como keynesiano sou favorável à utilização défice orçamental como alavanca para o crescimento económico, mas reconheço que a nossa elevada dívida e o problema do equilíbrio externo apontam para que neste momento seja prioritário cumprir-se esta meta e criarem-se condições para que se possa usar no futuro a política orçamental como alavanca do crescimento, o que significa ir-se reduzindo o défice para no futuro e quando necessário haver possibilidade de se usar a política orçamental, com estímulos de 1 a 2% do PIB. Mas se neste momento não podemos fazer muito do lado da despesa, será que nada se pode fazer para estimular a economia? A resposta é usar uma política redistribuitiva que favoreça os mais pobres , para estes aumentarem o consumo, principalmente

A propósito do novo governo

Sou apoiante do novo governo, quer porque votei num dos partidos, ainda que não o que governa, quer porque concordo com a mudança de política. Desde logo o novo papel concedido ao trabalho , como um elemento central na competitividade económica , o que não é compatível com baixos salários e precariedade no emprego. O anúncio de maior fiscalização das condições de trabalho agrada-me. A passagem de uma economia baseada em mão de obra barata e precária para uma economia baseada em conhecimento e recursos humanos qualificados é essencial para aumentar a nossa competitividade. Outro aspeto que gostaria de realçar é a questão do respeito pelos direitos e primado da lei . Ora no governo de direita só os direitos do capital eram salvaguardados . No novo governo os direitos do trabalho também passam a ser intocáveis. Explicando melhor, o anterior governo mandou às ortigas os direitos das pensões, condicionou a contratação coletiva, não respeitou os direitos salariais em vigor, cortando pensõ

A propósito dos atentados de Paris

Aproveitando a tempo de espera da decisão do PR sobre o futuro governo e pela oportunidade falemos, neste post, do problema do terrorismo na Europa. Em primeiro lugar quero deixar a minha solidariedade com os franceses e com as famílias das vítimas e pensar que todos nós podemos ser vítimas de um ato destes. Logo estamos todos na linha da frente deste combate. Outra ideia é pensar quão pouco habilidosos foram os ocidentais na intervenção no Iraque, na Síria e no Líbano . Que se tire daqui uma lição e se pense seriamente no pós intervenção. Hoje pode-se concluir que se criaram mais problemas do que os que se resolveram. Teremos de tratar o problema do EI com outro querer e tratá-los como uma ameaça mais efetiva do que a Al-quaeda. Aqui, é aparentemente mais fácil fazer uma frente unida contra o EI dado a Rússia e o Ocidente já terem sido alvo de atentados. É preciso passar rapidamente à ação, não digo, intervenção terrestre, pois não sou especialista na matéria, mas é preciso fazer

UM ACORDO DE ESQUERDA EM PORTUGAL

Depois de meses de ausência vou voltar a escrever regularmente neste blog. A ausência deveu-se a alterações da minha vida, nomeadamente o acompanhamento mais próximo da minha filha. O tema da atualidade é a existência de um acordo de esquerda em Portugal, entre o PS, BE e PCP, que saúdo, quer pelo fim da barreira artificial dos partidos da governação, quer pelo fim da austeridade como forma de se resolver a crise . A queda dessa barreira ideológica, os partidos do arco da governação, erguida pela direita e por parte do PS é um grande triunfo da democracia e coloca os eleitores do BE e PCP em igualdade com todos os outros. Passámos de uma democracia a 70% para uma democracia a 100%, o que é um enorme passo em direção a uma democracia mais completa. Outro aspeto que importa assinalar é o fim do mito da austeridade como caminho único para a saída da crise . O programa de governo já conhecido, que mais não é um programa do PS retocado com algumas cedências aos outros partidos, acaba com

O caso Grego e as eleições portuguesas

O governo português estava interessado na humilhação da Grécia por motivos eleitorais , foi o que o Juncker ontem veio tornar público, confirmando as desconfianças que haviam, com a recusa de Portugal, Espanha e Irlanda de discutir a solução da dívida grega antes de finais de outubro, ou seja, somente depois das eleições nos respetivos países. O PS andou como um cata vento, sem ter uma posição de princípio, para evitar que votos da esquerda lhe fugissem numa possível bipolarização. São estas atitudes que me afastam dos oportunistas na política...A única posição interessante é admitirem a necessidade de se colocar a discussão da dívida que é insustentável, a nível europeu, quer da Grécia quer de Portugal. O PCP foi coerente apoiou o governo Grego até ele capitular por não querer atravessar a linha da saída do euro, que os comunistas defendem. De facto este foi o problema do Syrisa não querer sair do euro , escolheu continuar no euro e ser humilhado. O BE ficou numa posição difícil,

De novo a Grécia

Por estes dias vai o caldo entornado na área do euro com o desacordo relativamente à Grécia. O filme é este, o governo Grego tinha um programa sufragado em completa não sintonia com os restantes países, querendo o fim da austeridade. Das negociações e com cedência de ambos os lados, chegou a haver esperança de acordo, mas a Europa quis dar uma lição aos gregos e o governo grego e apresentou propostas com austeridade para os ricos, nomeadamente ao nível dos impostos, que iam ideologicamente contra a vontade do eurogrupo dominado pela direita. Os diretório europeus não quiseram ceder e a Grécia apesar das cedências não se afastou muito do seu programa. Em face destes desenvolvimentos e face a um acordo que também não lhes resolvia o problema da dívida, os Gregos resolver pedir um referendo à última proposta da Europa que foi, aleguam eles também um ultimato. De tudo isto resulta um afastamento do respeito pela democracia mais direta e o centrar-se nos diretórios por parte da Europa e

Por estes dias só há elogios ao desempenho económico

O clima de pré campanha já está no ar, os partidos do governo - também o PR no 10/06 - embandeiram em arco com alguns resultados económicos , como a descida do desemprego, o crescimento das exportações perto dos 10%. Parece que vivemos num oásis em que já se cresce mais do que Europa e importa impedir que a oposição ponha em causa este sucesso. Mas os resultados económicos que melhoraram não deixam de ter no ar algumas ameaças , desde logo o crescimento acima das exportações das importações , que o Passos tentou explicar como importações que depois vão originar exportações, explicação bastante insuficiente. Além disso o modelo estrutural de que logo que haja acréscimo dos consumos teremos problemas na balança comercial mantém-se o que demonstra uma pouca transformação estrutural. Além de que não é desprezível o efeito desvalorização do euro, que é mérito do BCE e não do governo.  A melhoria no mercado de trabalho é feita à custa de trabalho precário e salários mais baixos. Por outr

Grexit

Por estes dias a Grécia e UE andam numa negociação desenfreada para tentar chegar a um acordo antes da data para a Grécia não falhar o pagamento ao FMI no final desta semana. A Grécia e  o Syrisa resistiram à ameaça de falharem o pagamento e levaram a negociação até à data limite dizendo que querem ficar no euro mas não aceitam a ultrapassagem de certos limites sufragados nas urnas. Mesmo numa posição economicamente frágil, mas sustentada politicamente nas urnas procuram um acordo sem cederem nas chamadas linhas vermelhas, como cortes de salários e pensões . Por sua vez a UE apresentou uma unidade e insistiu na receita que vinha sendo aplicada, quer na Grécia, quer na Irlanda, quer em Portugal. Alegando que os outros dois países resolveram os seus problemas e já regressaram aos mercados. Esta posição não admite uma análise crítica do modelo seguido, nomeadamente relativamente à pobreza criada pelos ajustamentos efetuados . Mesmo o Medina Carreira criticou estes ajustamentos por terem

O problema do equilíbrio da segurança social e da CGA

Vem este texto a propósito do debate sobre a necessidade de cortar pensões colocado pela ministra das finanças. Em primeiro lugar não se percebe porque se fala em cortes e ao mesmo tempo se promete a descida das receitas , quer por parte  do governo quer do PS com a descida da TSU. A verdade é que com 1800 mil milhões de défice na SS e 3500 mil milhões na CGA, dados da SIC, ou seja, uma necessidade de financiamento de 5000 mil milhões , o que se deve discutir é como equilibrar e não reduzir as fontes atuais de financiamento como a TSU. O governo promete um corte de 600 mil milhões e este número não entendo, pois é muito abaixo das necessidades... Por outro lado, o PS fala em fontes alternativas de financiamento, como deslocar uma parte do IRC para a SS e o imposto sucessório, mas estas fontes de financiamento mesmo com mais um aumento da receitas resultado do crescimento económica, também me parece muito insuficiente. A lógica de ambos deve ser ter o orçamento do Estado equilibrado e

As propostas do FMI: a continuação do ajustamento bang/bang

O FMI apareceu com recomendações de não aumento dos vencimentos dos funcionários públicos e redução das pensões, tendo em vista o reequilíbrio das contas públicas. Dos gráficos do Medina Carreira conclui-se que a receita estabilizou por volta dos 80 mil milhões de euros, pelo que a despesa pública (primária) deve ser ligeiramente menor para acomodar o pagamento de juros, que também estão em queda com a gestão dessa dívida relacionada com a baixa das taxas de juro. Além disso, temos a necessidade de equilíbrio da segurança social e da caixa geral de aposentações, que são sistemas em que os descontos dos ativos pagam as pensões dos reformados e o apoio aos desempregados, pois o nosso sistema não é de capitalização, mas de solidariedade. Se olharmos para os aspetos de equilíbrio financeiro continua a haver necessidade de continuar a promover os equilíbrios das contas públicas e dos subsistemas de pensões . Mas também há necessidade de se promover o crescimento , não só do lado das exp

Ainda a propósito da TSU

No último post limitei-me a apresentar as medidas propostas, sem fazer um comentário político-económico. Aqui vai ele. Despois desta semana de reflexão, entendo que mexer-se nos custos do trabalho não é fundamental nesta altura da conjuntura económica . Agora é preciso simplificar a máquina do estado, na atribuição de licensas, no contensioso judicial, na baixa de custos energéticos , para só referir os mais importantes. Logo a descida da TSU não é para mim uma prioridade. Dito isto, faz sentido economicamente apostar no aumento do consumo e aliviar a tesouraria das empresas. Mas, sem criar um desequilíbrio na segurança social e qualquer das propostas (governo e PS) escondem mais do que revelam, em relação à segurança social, pelo que não tenho elementos para perceber o que acontece na segurança social. Acho que estamos perante testes de opinião pública , depois da forte reação da mesma à primeira proposta de descida da TSU. Concluindo, de momento não vejo motivos para se defender

A questão da TSU

Ainda a propósito da simulação do PS, estive a ler a entrevista do seu coordenador ao Dinheiro Vivo e desta sobressai a questão da TSU. A descida da TSU para os trabalhadores de 4 pontos percentuais, visa reforçar o poder de compra dos trabalhadores e desta forma aumentar a procura da economia . Esta medida funciona como um empréstimo em que os trabalhadores recebem mais hoje em troca de menos pensões no futuro. O objetivo é aumentar também o emprego, através de uma diminuição de custos com o trabalho nas empresas. Quanto às empresas a descida da TSU visa reforçar a tesouraria das empresas e possibilitar um maior nível de investimento, mas aqui o financiamento é feito quer com uma parte dos lucros, conseguida ao manter-se a taxa de IRC, em vez de descer, criando-se outras fontes de financiamento da Segurança Social (SS). Além disso ressurge o imposto sucessório, também uma nova fonte de financiamento da SS. Esta é uma medida que vai atuar no lado da oferta. Concluindo a descida da

A estratégia do PS: um pouco de economia política

Costa está a gerir com pinças as mensagens que quer dar aos diferentes eleitorados.  Para o centro apresentou um cenário macro económico que não fala da dívida , assunto tabu, para não assustar o centro. Para o centro as metas são quantitativamente diferentes das do governo, veja-se post anterior, mas a estratégia é a de acomodar as exigências de membro da UE, tal como o governo faz, logo sem divergências qualitativas . Por outro lado aparece ao lado de Piketty, que defende que o principal da problema é a questão da dívida , além de ser um economista com uma análise de esquerda a favor de uma melhor repartição do rendimento e proponente de impostos sobre a riqueza, como o imposto sucessório que aparece nas propostas do PS. Aqui estamos perante uma linguagem (imagem) que se distancia do centro e pisca o olho à esquerda. Mas os compromissos são assumidos claramente com o centro e para a esquerda não há propostas claras, somente insinuações. Além disso, temos outra mensagem para a es

Comparação entre os cenários macro do governo e do PS

O Plano de Estabilidade publicado na semana passada é um autêntico programa governativo para o próximo governo, por parte da coligação no governo . Temos assim, uma primeira indicação do programa eleitoral da coligação entre CDS/PSD, apesar desta ainda não ter sido anunciada. Este programa prevê taxas de crescimento superiores a 2% a partir de 2016. Na minha opinião este programa é bastante otimista, uma vez que no século XXI, numa tivemos este nível de taxas. Contudo, é um cenário possível se levarmos em conta que o PIB decresceu acentuadamente, logo agora haverá espaço para algum crescimento, mas julgo que não tão otimista. O défice orçamental vai continuar a diminuir até atingir um superavit em 2019, de 0.2%, diminuindo cerca de 0.6/0.7 ao ano . Este ajustamento pressupõe também um alívio da austeridade de cerca de 20% ao ano na reposição de salários e pensões. Há, contudo, uma diminuição da despesa de pensões, prevista para 2016, com um target de 600 mil milhões, sem medidas q

Resumo dos quadros do Medina Carreira de ontem na TVI

Ontem, dia 13/4, Medina Carreira apresentou a sua tese sobre a crise que se vive na Europa e EUA no século XXI. A sua tese é que depois de crescer com médias acima dos 5% até à década de setenta e desde os anos 50, nas décadas de noventa e oitenta o crescimento abrandou na OCDE para um nível entre 2,5 e 3%. Depois na primeira década do novo século o crescimento passou para uma média inferior a 1% em todo o mundo ocidental. É esta redução brusca do crescimento que está na origem profunda da crise vivida após 2008. A origem da crise foi manter-se um nível de despesa (associado ao estado social) que só era compatível com as anteriores taxas de crescimento e numa fase em que se tornava difícil subir impostos, porque têm vindo a crescer desde a crise petrolífera da década de setenta. Assim, as despesas tenderam a ser financiadas com recurso ao crédito, criando-se uma bolha que rebentou. Assim, parece que o euro não tem um impacto significativo, pois se tivesse a crise seria um fenómeno

A revisão das taxas de crescimento económico

Tem havido revisões em alta das metas de crescimento económico , por parte de várias organizações, falando-se de crescimento entre 1,5 e 2 %, para 2015. O que está na base desta revisão? O sucesso do programa de ajustamento? Parece-me que não, pois a estrutura da economia pouco mudou, como já analisámos em posts anteriores. O que me parece que está a acontecer é uma conjuntura muito favorável devido à queda do preço do petróleo, à desvalorização do euro e à queda dos juros . A baixa de custos dos combustíveis e a alteração cambial, têm um efeito imediato nas exportações. Já a queda das taxas de juro têm um efeito mais diferido, pelo que só se deverá sentir com o aumento do investimento em anos vindouros, em 2016 e seguintes, também impulsionado pelo envelope da ajuda financeira da UE, que começa a ser executada no 2º semestre de 2014.

As imperfeições da Zona Euro

Temos vindo a defender que a zona euro é uma zona de moeda única imperfeita , mas não sistematizamos as suas imperfeições. A saber: 1. A supervisão bancária tem sido nacional e não da união, esta imperfeição vai desaparecer com a união bancária. 2. Há falta de articulação entre as políticas monetárias e fiscais, a) quer ao nível da união, pois só com a comissão Junker é que se articulou uma política monetária expansionista com a política do quantitative easing; b) quer porque as políticas fiscais e orçamentais são sobretudo nacionais, ainda que sujeitas a regras da união, como a limitação de 3% ao défice e os 60% sobre a dívida pública, ainda que esta última pouco respeitada é se considerarmos a dívida oculta, mesmo pela própria Alemanha; c) quer pela falta de solidariedade entre países excedentários e países deficitários, onde os primeiros podiam ajudar os segundos, ao implementarem políticas ativas de crescimento. É em épocas de crise que surgem as oportunidades para se melhorar

A questão das listas VIP na administração fiscal

Tem vindo a lume, por parte de funcionários das finanças, a existência de uma lista VIP para efeitos fiscais, ainda que desmentida pelo governo. Ora basta lembrar a questão da igualdade dos cidadãos perante a lei , para a existência de uma lista VIP, violar este princípio ao tratar os cidadãos de forma distinta. Tanto assim é que, que em geral o princípio usado para se fiscalizar é o do sorteio ou o soar de alarmes previamente definidos. Em face destes rumores acho que devia haver uma investigação sobre o assunto , para se apurar da sua veracidade. Por outro lado, coloca-se a questão, a existir, qual o propósito desta lista? Evitar fugas de informação sobre os políticos ? A ser esta a motivação é inaceitável que se um funcionário escrutinar o meu registo não soe o alarme, mas se for o do primeiro ministro, soe o alarme e haja processos disciplinares. Se o objetivo for haver um melhor acompanhamento de certas situações, também acho desnecessário, pois basta criar discrepâncias a pa

A questão dos juros negativos: o contrato foi dar uma volta...

Se um particular falha um contrato com os bancos, eletricidade, televisão por cabo, etc., vai ser obrigado a cumpri-lo ou a pagá-lo como se o tivesse cumprido. Mas se existir uma situação em que por contrato a banca deixa de ganhar dinheiro, arranja-se uma situação para que o contrato não seja cumprido, contra o contratualizado e o funcionamento do mercado, varre-se o risco para Marte . Vem esta introdução a propósito dos contratos de crédito à habitação, em que o spread não cobre os juros negativos da Euribor , neste caso os bancos estão a arranjar estratagemas, com a conivência do BdP, para que os contratos sejam ultrapassados. Vejamos um exemplo, existe um spread de 0,3% e uma Euribor com juros negativos de -0,4%, neste caso contratualmente os juros seriam negativos, ou seja, o banco teria de pagar um juro de 0,1% ao cliente do crédito. Ou seja, o devedor receberia juros, mas continuaria a pagar a amortização do capital. Hoje a Deco levantou esta questão e indigna-se de o BdP anda

A propósito de chinesices.

Neste post não posso deixar de comentar o discurso do candidato da oposição perante a comunidade chinesa em Portugal, quando diz que o país hoje está diferente, em relação a 2011. O problema desta intervenção é a sua incoerência com o discurso da mesma personagem perante os portugueses, as chamadas «portuguesices», em que advoga o contrário, isto é, que o país está pior, na dívida, no emprego e no risco de pobreza. Portanto, como são contraditórias ou são as chinesices ou as portuguesices que estão certas e logo este político ou engana uns ou outros. A novidade deste discurso é que os políticos em campanha costumam ter um único discurso e só o mudam depois do poder ter sido conquistado. Aqui temos a inovação, a de fazer discursos em campanha não coerentes, talvez seja uma nova forma de mostrar a honestidade...

Pequenos comentários sobre a Grécia e a retoma portuguesa

Sobre a Grécia as medidas propostas pelos gregos e conhecidas hoje são naturalmente um compromisso que consiga ser aprovado pelo eurogrupo e  sem grandes cedências no programa eleitoral do Syrisa. Como defendi nas negociações ambos os lados têm de fazer cedências . Mas o principal a dizer é que este acordo visou ganhar tempo e a grande batalha terá de ser travada nos próximos 4 meses , pelo que, por enquanto, foi só uma pequena escaramuça. Não posso deixar de reconhecer que o problema grego foi tratado entre políticos e não entre técnicos e esta já é uma vitória grega . Outro comentário a fazer é que com o crescimento de 0.9%, tivemos um acréscimo das importações da ordem dos 30%, segundo dados referentes ao ano de 1914 do BdP. Estes dados vêm reforçar o que aqui já defendi em posts anteriores, ao primeiro sinal de recuperação da procura interna (mérito do TC) a balança comercial se desequilibraria , provando que não houve qualquer alteração estrutural da economia portuguesa e que o

O colapso da estratégia de reforço das exportações como saída da crise

Os dados divulgados recentemente pelo INE colocam as exportações a crescer a uma taxa considerada a pior dos últimos anos, no referente aos bens. Este resultado que o governo procurou desvalorizar, na minha opinião, reflete a recuperação do consumo interno, devido às decisões do Tribunal Constitucional, portanto, ao arrepio da vontade do governo. De facto, alguma produção que estava a ser exportada , foi desviada para responder ao aumento da procura interna, em consequência do crescimento anémico dos nossos parceiros . Por outro lado, as importações também cresceram devido à recuperação do consumo interno . Estes dois factos mostram que o perfil estrutural da economia portuguesa não foi substancialmente alterado , o que impede qualquer euforia governamental. Concluindo, à mínima recuperação do poder de compra interno, as exportações abrandam, com desvio de produção para o consumo interno e voltamos ao desequilíbrio da balança comercial, devido à subida das importações. A estes d

Portugal, país de forcados, porta-se como um amigo do touro no grupo de forcados encabeçados pela Grécia

O debate provocado pela vitória do Syrisa na Grécia, ainda agora começou, nesta fase ainda se apalpa o terreno, ainda que as propostas gregas se vão adaptando aos confrontos de ideias já realizados, Como disse anteriormente, deveria haver negociação, o que parece estar a haver. Nesta negociação as posições em confronto devem ir adaptando-se. Se tal não acontecesse estaríamos no «jogo do medricas» em que vão um contra o outro à espera de ver quem primeiro se desvia, o que parece não ser o caso, se há efetivamente negociação. O mais espantoso deste debate é a posição portuguesa que se coloca à priori contra os gregos, sabendo que se os gregos conseguirem alguma coisa, tal pode beneficiar-nos. A melhor imagem que vi foi a da Grécia na cabeça do touro (austeridade) a tentar domar o animal, sendo nós um forcado que em vez de ajudar o da cabeça do touro faz tudo para que este não tenha êxito (com a devida vénia ao Ricardo dos Gato).

Da vitória do Syriza às propostas de PIKETTY

Como já disse num post anterior a vitória do Syriza abre agora negociações coma UE e vamos ver no que consegue nessas negociações, mas pelo menos as teses dominantes passam a ter oposição e passa a haver debate , o que vai também favorecer os partidos de oposição à austeridade que já não aparecem isolados. Mas tão importante como esta abertura ao debate e o reforço do papel da democracia, quero fazer referência a uma proposta de PIKETTY, nome e obra -o capital no século XXI- que já realcei em post anterior. A sua proposta vem no sentido de se criar uma articulação entre política monetária e fiscal/orçamental , tal como defendi no meu post anterior. Contudo, Piketty no que respeita à política orçamental advoga mesmo a existência de um ministro das finanças a nível do euro , com controlo parlamentar dos países aderentes ao euro , ou seja, o parlamento europeu, reuniria também em sessões mais restritas só com países aderentes ao euro, que controlariam democraticamente o poder do ministr

A Europa vai ter uma política monetária articulada com a política orçamental?

Os economistas sabem que a política monetária é um instrumento essencial de intervenção dos Estados e é decisivo para se defender uma moeda e controlar fenómenos inflacionistas e mesmo deflacionistas. O estudo comparado das épocas de crise realça a importância da política monetária e o seu uso atempado, muitas vezes em articulação com a política orçamental. Como dizia hoje um político grego,  uma das causas da crise foi termos moeda sem plenitude da política monetária , ou seja, a arquitetura do euro tem estado incompleta . Na semana passada o Tribunal de Justiça da UE deu luz verde à utilização do «quantitative easing», ou seja, à compra de dívida pública para injetar moeda na economia, o que é normal nas outras zonas monetárias, tornando a política monetária do euro equivalente à do dólar nos instrumentos à sua disposição. Esta decisão levou a Suiça a acabar com a política de taxa de câmbio mínima relativamente ao euro, por volta dos 1.2 francos suiços para 1 euro. Esta medida já

O Estado português continua muito burocratizado

Quem ontem viu o programa do Medina Carreira foi-lhe mostrado 3 exemplos de como a burocracia continua a condicionar o desenvolvimento do país . Os três exemplos foram a exploração do mar para aquacultura, a coinceneração e a abertura de creches e jardins de infância. Em qualquer destes exemplos é necessário conhecer legislação , que em todos os casos é bastante extensa , indo desde decretos (leis e regulamentares), a portarias e a despachos. Depois é necessário fazer um circuito burocrático na administração que vão de 10 a 26 intervenientes, se a memória não me falha. Destes casos concretos resulta que os discursos políticos e a realidade estão desconformes . Vejamos, a prioridade política dada ao mar,nos últimos anos, quer pelo governo,quer pela presidência, é posta em causa pelo processo burocrático, que é o mais extenso dos 3 apresentados. Concluindo, na prática não há qualquer incentivo a haver investimento no mar.

A crise grega e o euro

Em nenhum tratado assinado para a construção da união económica se considera a imposição pelos órgão comunitários de ideias (políticas) aos povos. Assim sendo, como se explica a tentativa de condicionar a escolha dos gregos nas eleições que se aproximam? Em termos de acentuar as escolhas que estão em cima da mesa por parte dos eleitores gregos é legítima uma intervenção quer da comissão quer por parte da senhora Merkel, para realçar o alcance da escolha que vai ser feita pelos gregos, mas com sentido pedagógico, não impositivo. Mas ir além de um esclarecimento, entrar pelo campo das ameaças, como acenar com a saída do euro e da união , que os gregos não querem, isto não é esclarecimento, isto é chantagem . Esta atitude é uma deriva totalitária contrária ao espírito democrático de construção de um estrutura supranacional por vontade dos povos . Isto é completamente diferente de se alertar que por consenso / maioria existem regras para se cumprirem e quem não as acatar deverá sofrer c