As crises e a teoria económica

A teoria clássica e neoclássica colocava no mercado todo o ajustamento que se deveria verificar na actividade económica, pelo que em épocas de crise bastava baixar o salário e as taxas de juro para se voltar ao equilíbrio (de pleno emprego).
A crise de 1929/36 veio colocar em causa estes mecanismos reequilibrante, devido às imperfeições de mercado, como os monopólios e oligopólios, a resistência à baixa dos salários, e principalmente devido à armadilha da liquidez, que é um conceito que realça a não resposta do mercado às baixas das taxas de juro. A contribuição de Keynes vai no sentido de como lidar com as crises e como superar a não resposta do mercado e a sua contribuição foi a necessidade intervenção do Estado através de despesas públicas para dinamizar a economia através do consumo e investimento públicos.
Por volta da década de 80 Friedman e a sua teoria monetarista coloca em cima da mesa uma revisão da teoria clássica acrescentada por uma teoria quantitativa da moeda, que reduzia a intervenção do Estado ao controlo da oferta de moeda.
A crise actual centrada no sistema financeiro pôs em causa a eficiência do controlo da oferta de moeda, pois o sistema bancário em dificuldades não responde aos estímulos governamentais para se criar moeda, voltando a constatar-se a existência da armadilha da liquidez, tal como já tinha acontecido no Japão na década de noventa, onde chegou a haver mesmo uma deflação.
Reentrou-se, novamente, no paradigma intervencionista com a necessidade do recurso às despesas do Estado, mesmo ao nível de apoio ao sistema bancário, mas agora defendendo-se também uma intervenção constante do Estado através dos reguladores para evitar os excessos do mercado, nomeadamente como forma de se evitar a repetição da criação dos activos tóxicos.

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