A TSU e o fracasso político do governo

A proposta de TSU do governo de retirar  estes encargos às empresas e cobrar aos trabalhadores provocou uma ruptura política no governo entre os membros da coligação e principalmente enfraqueceu a base de apoio do governo, como se viu pela quase unanimidade na sua rejeição, quer entre economistas, quer na concertação social, quer entre os cidadãos que se manifestaram na rua. Até as recentes sondagens dão quebras acentuadas nas intenções de voto nos partidos da coligação.
As causas disto parece-me que foi acima de tudo ideológica, ou seja, até agora o governo ao abrir a porta ao neoliberalismo conseguiu mascarar estas tomadas de posição com a necessidade de austeridade para resolver a crise. Ou seja, o governo foi aplicando a sua matriz ideológica, mas encondendo-se sob a capa de medidas para combater a crise. Mas com esta medida ficou claramente a descoberto a opção ideológica do governo, tirar aos trabalhadores para dar aos patrões. Até os próprios patrões, temendo os prejuízos resultantes da conflitualidade social, recusaram esta medida, até porque economicamente é difícil convencê-los da sua bondade porque, se por um lado, a medida aumenta os lucros ao reduzir os custos, por outro, ao reduzir a procura interna, pode vir a reduzir os lucros das empresas, ou seja, o efeito sobre a procura interna pode ser superior ao efeito da redução de custos.
Com esta medida o Primeiro Ministro desbaratou o capital de confiança que ainda tinha e tornou a governação mais difícil.
Tentar reganhar esta confiança pode ser missão impossível, porque foi tal o seu despodor, que lhe caiu a máscara e daqui para a frente será mais difícil ganhar a confiança dos portugueses. Tem, contudo, alguma margem de manobra se remodelar o governo e a política e atacar os interesses do capital, ou seja, promover a revisão dos lucros absurdos das PPP, tributar o capital a sério, atacar os monopólios, etc.

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