É urgente a renegociação dos juros da dívida

Em momentos de crise é normal haver uma política monetária de embaratecimento do crédito, isto é, em épocas de crise o banco central diminui as taxas de juro de prestamista de última instância à economia, às vezes para valores próximos de zero, como já aconteceu no Japão.
Assim sendo, e esta opção de política económica é mais ou menos consensual na teoria económica, não se percebe porque na zona EURO a baixa das taxas de juro só tenha impacto na economia privada, ou seja, as dívidas públicas não beneficiam das taxas de juro estabelecidas pelo BCE.
 Dirão uns que tal se deve ao fator risco, mas o fator risco não é um elemento da política anti-crise, antes pelo contrário funcionará acima de tudo em tempos de prosperidade, para a evitar. Verifica-se mesmo na atualidade uma inversão do uso do fator risco, com efeitos perversos, pois este tende a ser menosprezado em épocas de prosperidade e aplicado em épocas de crise a quem precisa de ajuda. Foi o que aconteceu com a crise de sub-prime em que na prática o sistema financeiro ignorou o risco na concessão de certo tipo de empréstimos, com os resultados catastróficos que todos conhecemos.
Isto não é ajudar, isto é dificultar a vida aos países endividados, é prolongar a crise e arrastar a solução dos problemas. Alguns chamam mesmo a esta situação de usura.
Perante esta inversão de valores da prática económica, que tem explicação na procura de um lucro fácil ao nível de instituições do estado ou supra-estatais, estamos perante uma inversão dos valores morais do uso do risco e do papel das instituições públicas supra nacionais.
Faz, pois, todo o sentido colocar na agenda política a redefinição do papel da ajuda ao países endividados, que devem passar por uma procura de taxas de juro mais baixas e aplicar prémios de risco bastante menores que os dos mercados. Aqui concordo com o Seguro e não se percebe a inação do governo nas negociações comunitárias na luta por taxas de juro mais baixas.

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