A continuação da desregulação do mercado do trabalho

Do relatório do FMI sobre a 11ª avaliação ao programa de ajuda a Portugal destaca-se a insistência na baixa de salários e na desregulação do mercado do trabalho pelo facilitar dos despedimentos.
 Se é claro que o défice do estado precisa de ser controlado e a dívida pública precisa de se tornar sustentável e sem riscos, discordo da desregulação do mercado do trabalho e da aposta num modelo de salários baixos. Já era consensual na sociedade portuguesa a necessidade de se apostar num modelo de maior exigência tecnológica, o que implica uma subida gradual do nível salarial (que fosse acompanhando o aumento da produtividade à medida que se introduzisse empresas de tecnologia mais evoluída). O FMI aparece a puxar a economia portuguesa para o modelo de baixos salários, o que vai colocar Portugal a competir com países emergentes, quando deviamos competir com os nossos parceiros da zona da OCDE. Devemos, pois, resistir a esta pretensão e manter a aposta numa subida gradual e sustentada dos salários.
Mas da análise do FMI não posso deixar de concordar que ainda pouco se tocou nas rendas dos setores protegidos dos bens não trasacionáveis. Aqui tem todo o sentido, o alerta do FMI para que se avance nesta direção, ou seja, que os próximos cortes a efetuar sejam nos setores da energia e telecomunicações.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Vantagens e desvantagens do FMI

A conflitualidade de objetivos de política económica

A minha experiência com a estomatologia (análise económica).