A política económica do PS em 2019: viragem ao centro.

Hoje em maio de 2019 começa a ficar clara a política económica seguida pelo PS. Depois da fase de recuperação de rendimentos entrámos na fase de orçamentos equilibrados ou com superavit, com o objetivo de redução acentuada do peso da dívida no PIB.
Dito de outra maneira, politicamente depois da viragem à esquerda e de afrontamento às políticas da comissão europeia entrámos numa fase de viragem ao centro e de seguimento escrupuloso das recomendações do UE, nomeadamente o rigor orçamental e a diminuição da dívida pública através de excedentes orçamentais.
O que está na origem desta viragem? Em primeiro lugar uma vez enfatizada a diferença para o governo anterior e sua austeridade, através da recuperação de rendimentos, entrámos na  fase de demarcação dos partidos de esquerda, como tentativa de reganhar o centro e tentar uma maioria absoluta. O PS mostra, assim, ser diferente da direita da austeridade e que a coligação à esquerda, além da recuperação de rendimentos prometida, não se verifica. Com o tempo de serviço dos professores, atacou a direita, dramatizando a sua aprovação com uma demissão do governo, com o objetivo de mostrar que o PS é coerente e a direita incoerente, mudando de opinião em relação ao que defendia por causa dos votos de um grupo profissional - evitando discutir a questão de fundo, se é justo tratar os professores e outros grupos especiais de forma diferente dos outros funcionários públicos e rever na parte monetária o estatuto da carreira docente em vigor.
O que esteve na origem desta mudança de estratégia? Sem dúvida a perda ilusão da maioria absoluta seguindo políticas de esquerda. Depois o posicionamento do PSD, com Rui Rio, ao centro e sondagens que dão um empate técnico nas eleições europeias, forçaram o PS a colocar-se ao centro, afastando-se dos partidos à esquerda, além de se posicionar como coerente ao realçar a incoerência da direita da austeridade.
Como se concretizou esta viragem? Acima de tudo com a lei de bases da saúde e a questão das PPP, que serviu para se demarcar do BE e PCP. No caso dos professores e a teimosia em não reconhecer todo o tempo de serviço há sinais de não ser uma alteração tão recente de estratégia, pelo contrário traduz uma posição da fação do PS ligado à ex-ministra MLR, que nunca engoliram a reação dos professores que evitaram a reforma de criação dos professores titulares. Contudo, recentemente esta fação ganhou um novo aliado no ministro Centeno interessado em limitar a recuperação de rendimentos dos professores por motivo de querer ter superavit  orçamentais e por ter uma pressão adicional no financiamento do Novo Banco.
Depois, vendo que a direita, a propósito da recuperação do tempo de serviço dos professores, se apresentava como pondo de lado o que tinha defendido antes, a necessidade de orçamentos equilibrados e portanto, a defesa da austeridade, aproveitou para dramatizar e realçar que era a direita que por motivos eleitorais se afastava da sua prática enquanto governo. Lançou então a ameaça de demissão com vista a reganhar apoio eleitoral, face às sondagens pouco abonatórias que chegaram a dar um empate técnico entre PS e PSD. Assim, aproveitou para realçar que o centro responsável era o PS, sendo o PSD irresponsável e que alterou o seu posicionamento relativamente à austeridade.
Concluindo o PS na primeira fase da legislatura demarcou-se da direita defensora da austeridade, agora com as eleições à porta demarca-se da sua esquerda e coloca-se ao centro, para isso usou a lei de bases da saúde e a questão do tempo de serviço dos professores. Possivelmente acontecerá o mesmo com a legislação laboral.Vendo o apoio que o PSD deu à esquerda, na questão dos professores, aproveitou para se colocar como centro coerente em oposição ao centro direita incoerente, relativamente à necessidade de orçamentos equilibrados.

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