A subida da taxa de desemprego

Neste início de Outono a taxa de desemprego continua a subir atingindo os 8,3%.
É um mau resultado para o governo, agora que entramos na fase mais crítica eleitoralmente do mandato do governo, ou seja, os últimos dois anos antes de eleições. Como se sabe estes resultados são inoportunos, tanto mais quanto o governo tem fugido deste tema nos debates parlamentares.
Ora este resultado devia ser esperado porque a política orçamental é sem dúvida pouco favorável à criação de emprego, porque a sua prioridade foi combater o défice, quer pelo lado da despesa com redução de efectivos na Administração Pública e do Investimento Público, quer do lado das receitas, mais impostos que não criaram um clima favorável à iniciativa privada e ao investimento privado.
Apesar da situação orçamental o país tem crescido, menos do que a europa, porque a conjuntura externa tem ajudado, apesar da política monetária do BCE de subidas das taxas de juro como medida para arrefecer as pressões inflacionistas.
Mas mais interessante parece ser a explicação do governo, o sector moderno tem estado a ganhar terreno ao sector tradicional, mas o emprego criado por aquele é inferior ao perdido pelo este.
Esta explicação parece-me um lavar de mãos pois o governo tem mantido o modelo de mão de obra barata, como aliás o M. da Economia o disse na China, o que aparece coerente com a necessidade de controlar o défice orçamental. Ou seja o governo nada fez para que a especialização portuguesa mudasse. Se ela muda é porque a política monetária com taxas de juro elevadas a isso leva os empresários mais esclarecidos e porque a entrada na área do dólar com produtos baratos está a ser contrariada com a valorização do euro. De resto o governo não tem tido uma política pró-activa de mudança de modelo e qualquer sinal de subida de salários a fundamentar esta política é pura miragem.
Se esta mudança e crescimento se verifica assenta nas pressões externas, crescimento dos parceiros da zona euro e necessidade de mais produtividade para concorrer na zona dólar.
Concluindo o governo aquilo que faz é contra o emprego objectivamente e esperar ter sorte com a conjectura. O que faz, em termos de parábola, é equivalente a subsidiar 2 € a cada português para jogar no euromilhões e ficar à espera que a estrutura industrial mude se a sorte sorrir a um empresário interessado em sectores mais tecnológicos. Ou seja, se temos Ministro das Finanças activo não temos Ministro da Economia activo, o segundo limita-se a monitorizar a conjuntura ...ou como se diz a ver os bois passar ...

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