Soluções para a saída da crise

As soluções para o estímulo da economia clássicas são:
a) a de matriz keynesiana que defende o ínvestimento público como principal fonte do estímulo económico. Na base do seu raciocíneo está a importância do investimento como factor dinamizador da actividade económica, que as empresas privadas não estão em condições de dinamizar devido às dificuldades que atravessam e na presente crise porque a banca apertou a malha de escolha dos investimentos elegíveis para serem por si financiados, devido aos seus problemas de liquidez;
b) a de matriz monetária que acredita na capacidade de iniciativa dos privados e recomenda a baixa da taxa de juro até ao ponto em que o investimento reaja;
c) a de matriz liberal/conservador que defende a baixa dos impostos como forma de compensar a quebra no rendimento disponível dos particulares devido ao aumento do desemprego com uma diminuição dos impostos que transfira rendimento para os particulares;
Muitos governos optam por um mix destas medidas, como o governo britânico fez. Por cá a terceira hipótese está posta de lado, o BCE encarrega-se de concretizar a segunda e o governo aposta no investimento público.
Há um senão para este tipo de estímulo, centrado no investimento público, que é a saúde da balança de pagamentos, pois se esta já tiver um défice enorme, esta opção poderá agravá-lo, o que corresponde à chamada de atenção do PR para o endividamento do país que o governador do BP se apressou a desvalorizar, julgo que por estarmos no euro, o que transfere os efeitos para mais tarde, mas não deixa de os ter a longo prazo, em vez do curto prazo se tivessemos moeda própria.
Por outro lado, a redução lenta do défice, opção deste ministro das finanças, também não permitia a opção em simultâneo da subida dos investimentos públicos e a descida dos impostos.
Aqui chegamos a outro ponto da propaganda do governo, que está em condições de combater a crise porque teve sucesso ao reduzir o défice. Ora o 1º ministro das finanças de Sócrates queria ir mais depressa e procurou dinamizar a reestruturação da despesa pública, que com o actual ministro ficou na gaveta, o que nas actuais circunstâncias nos daria uma maior margem de manobra no combate à crise. Estamos a pagar a opção do governo de só ter apostado nos impostos para combater o défice sendo tímido na redução da despesa pública.
Face às previsões da inflação para 2009, a subida dos salários da função pública em 2,9% acaba por se traduzir numa subida real de 1,9%, o que acabará por ser uma medida de estímulo ao consumo e também eleitoralista, que levou o Constâncio a falar em subida desproporcionada de ordenados na função pública.

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