A propósito do PEC

O PEC torna explícitas várias opções de política económica:
1. A diminuição das deduções à colecta para alguns escalões de IRS, que é uma forma de subir os impostos pagos pelos contribuintes. Há também a tributação das mais-valias mobiliárias a uma taxa de 20%.
2. Quanto à diminuição das despesas públicas, há as medidas de contenção salarial dos funcionários públicos, o adiar de alguns grandes projectos, e o controlo das entradas de mais funcionários públicos, passando o rácio a ser de 3 para 1.
3. Depois há a venda dos anéis, ou seja as privatizações, principalmente tendo em vista a diminuição da dívida pública.
Como estas medidas actuam principalmente do lado da procura, resultantes da diminuição da despesa pública, o nosso crescimento fica dependente dos privados e do exterior. Mas os privados ficam mais abandonados à sua sorte, uma vez que alguns dos investimentos públicos vão ser adiados. Se juntarmos a isto a conjuntura do sistema bancário actual que não está a apoiar o investimento privado consequência das restrições ao crédito que sofrem (ver post anterior) e quando o apoiam fazem-no com uma transferência forte sobre a riqueza por eles criada, não vejo um clima favorável ao investimento privado.
Resta o exterior, ou seja estamos dependentes da recuperação económica na Europa ...O governo governa a reboque da conjuntura, sem quase nenhum poder de intervenção, entregando os portugueses à sorte da Europa, ou do que os outros fizerem e das migalhas que nos couberem. Para mim é pouco.

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