A GUERRA DÓLAR / EURO

Para quem ainda tinha dúvidas, os últimos acontecimentos, ou seja, a redução do rating de vários países europeus entre os quais a França e a Áustria, veio mostrar que estamos mesmo perante uma guerra entre o euro e o dólar, para evitar que o euro reparta com o dólar os direitos de emissão de uma moeda internacional.
Lembrando a história, nos anos sessenta as balanças excedentárias dos países europeus, França e Alemanha, levaram a França, de DeGaule, a pedir ouro em troca dos dólares que detinha aos EUA. Na sequência desta pressão acabou a convertibilidade do dólar em ouro em 1971. Mas o dólar manteve o mesmo estatuto de moeda única internacional e que se traduzia na principal matéria-prima, o petróleo, ser cotado em dólares. Inicia-se o período dos petrodólares, em que os países produtores de petróleo acumularam dólares nos bancos ocidentais, devido ao aumento do preço do petróleo a partir da década de setenta.
Este sistema só começou a ser ameaçado com a criação do euro. O euro tem vindo a ganhar peso na circulação das moedas internacionais, mas ainda não ganhou o estatuto do dólar de ser também usado como unidade de medida das matérias-primas. Ora, dizem alguns analistas de geoestratégia que a guerra do Iraque não foi para prevenir o fabrico da bomba nuclear, mas para impedir a intenção de Saddam Hussein de cotar o petróleo em euros, o que constituiria uma outra espécie de bomba atómica para o poderio do dólar.
Se os EUA fizeram uma guerra só para preservarem os direitos de única moeda de medida de valor internacional para as matérias-primas, porque não atacar o euro?
Penso que é o que está a acontecer, esta guerra começou pelo ataque aos países mais fracos: os PIGS. Depois veio o ataque à Itália, país de alguma dimensão que já assustou todos os elementos da eurolândia. Agora temos um ataque ao coração do euro com o ataque à França e à Áustria, numa altura em que os mercados davam sinais de aliviar a pressão.
Estes acontecimentos provam um ataque planeado e feito por fases ao euro, para preservar o papel do dólar como moeda internacional, o que permite aos EUA défices orçamentais monstruosos e défices comerciais fabulosos, que teriam de inverter rapidamente se o dólar perdesse o seu estatuto especial no sistema monetário internacional. Ou seja, sem esse estatuto da sua moeda os EUA estariam a cumprir um plano de ajustamento mais severo do que o português.

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