A mea culpa do FMI

Tem sido notícia esta semana um relatório do FMI que diz que este organismo se enganou nas previsões dos efeitos da austeridade sobre a economia, pois trabalhava com a relação 1 para 0,6, em vez da real que vai de 1 para 0,9 pelo menos, podendo atingir o valor de 1,7. Bom no caso português isto provocou uma descida das receitas em cerca de 1% do PIB - o equivalente a um subsídio cortado na administração pública-, conforme dados do ministro das finanças, que agora temos de compensar. Nesta notícia o que me espanta é o governo português não ter estudos para o país e ter trabalhado com os calculos do FMI.
Mas mais importante nos relatórios recentes do FMI é o reconhecimento de que os ajustamentos têm só olhado para a austeridade e ignorado a perspetiva de crescimento das economias, o que tem provocado impactos negativos na coesão social.
Depois desta mea culpa não se percebe a insistência na formula da austeridade, com um brutal agarvamento de impostos para 2013, além de que a margem dada de 1,5% no défice é uma folga muito pequena, face à situação de partida, quase 10% do PIB e aos desvios que se verificaram nos anos de 2011 e 2012, que foram superiores a 3%.
O «dinheiro vivo» trazia um dossier sobre a Argentina, que teve uma crise muito parecida com a da Grécia em 2001, mas então não se percebe porque já não foram aprendidas as lições desde essa altura, voltando a aplicar-se as mesmas receitas em 2011, dez anos depois?
Estas contradições não têm explicação no âmbito da ciência económica, mas entre esta e a política, o que mostra que para além de uma agenda económica que não explica tudo existe uma agenda político-ideológica, na aplicação dos progranas de ajustamento.

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