A estratégia neoliberal vs estratégia humanista

Os neoliberais são defensores do mercado e da sua autoregulação.
A estratégia humanista reconhece como sistema de organização da economia o capitalismo, mas reconhece também os excessos desse capitalismo, pelo que o sistema capitalista tem de ser regulado. Exemplos de regulação são a limitação dos poderes dos monopólios e oligopólios, a redistribuição do rendimento e o apoio aos desempregados.
Mas acima de tudo as pessoas são vistas como instrumentos para gerar lucros, no neoliberalismo, sendo descartáveis quando não necessárias ao capital, ou seja são meros números, portanto despersonalizados.
A estratégia humanista, considera o ser humano como ser pensante com necessidades individuais, que têm de ser supridas pela sociedade solidariamente, portanto o ser humano sobrepõe-se aos interesses do capital, e se o capital o descarta, a sociedade tem de encontrar mecanismos para o valorizar e lhe dar condições de dignidade sem as quais não será um indivíduo com liberdade de escolha.
No mercado do trabalho, os neoliberais procuram dividir os trabalhadores, os monopólios sindicais têm de ser desmantelados, para a negociação ser livre e colocar os trabalhadores numa posição de fragilidade negocial.
A estratégia humanista considera essencial os trabalhadores estarem organizados e unidos para contrabalançar o poder negocial das empresas, além de terem poder para reinvindicarem uma parte do valor criado de forma a que o trabalhador vá melhorando o nível de vida.
Ora a tese de empobrecimento do país é ao mesmo tempo um fim, diminuir o poder de compra, mas também um meio, da tese neoliberal, que passa por fragilizar os trabalhadores na negociação com as empresas, para estas terem menores encargos com o trabalho.
Vejamos, a diluição dos subsídios de férias e de natal, para um trabalhador que ganhe 1000 € vai implicar que o trabalhador que tem emprego vá ganhar mais por mês, mas as novas admissões serão contratadas a 1000 €, mas recebendo só 12 meses. Esta estratégia poderá ser contrabalançada por um sidicato forte, mas a divisão sindical faz com que haja sindicatos só a defender os que já têm emprego e a não se importarem com os contratados.
Já sabemos que em épocas de forte desemprego, a capacidade do trabalho resistir ao poder do capital é menor e será nula quanto mais os trabalhadores estiverem divididos.
Por detrás deste neoliberalismo, travestido de auteridade em Portugal, está a diminuição da riqueza apropriada pelos países ricos, que passou de cerca de 80% para 62% em 10 anos, resultado do sucesso dos BRICS, levando a que o capital procure compensar a perda de valor resultado da desendustrialização e da subida do preço das matérias-primas (petróleo), com a diminuição dos rendimentos do trabalho.

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