Comparação entre os cenários macro do governo e do PS

O Plano de Estabilidade publicado na semana passada é um autêntico programa governativo para o próximo governo, por parte da coligação no governo. Temos assim, uma primeira indicação do programa eleitoral da coligação entre CDS/PSD, apesar desta ainda não ter sido anunciada.
Este programa prevê taxas de crescimento superiores a 2% a partir de 2016. Na minha opinião este programa é bastante otimista, uma vez que no século XXI, numa tivemos este nível de taxas. Contudo, é um cenário possível se levarmos em conta que o PIB decresceu acentuadamente, logo agora haverá espaço para algum crescimento, mas julgo que não tão otimista.
O défice orçamental vai continuar a diminuir até atingir um superavit em 2019, de 0.2%, diminuindo cerca de 0.6/0.7 ao ano.
Este ajustamento pressupõe também um alívio da austeridade de cerca de 20% ao ano na reposição de salários e pensões. Há, contudo, uma diminuição da despesa de pensões, prevista para 2016, com um target de 600 mil milhões, sem medidas que a concretizem.
A prioridade da política económica é o alívio das empresas, quer nos impostos (IRC), quer na TSU.

Hoje ouvi na TV as propostas do PS, que me parecem coerentes (com o que se tem vindo a defender) e alternativas ao programa do atual governo. A base são as projeções da Comissão, com crescimentos acima dos 2%, não havendo aqui grandes diferenças.
Não vi as projeções macro económicas, mas percebi que irá haver uma aposta nas famílias como contraponto à precupação com as empresas do atual governo, com a redução da taxa adicional de IRS e uma reposição mais rápida (em 2 anos) de salários (40% ao ano), e ainda um terceiro pilar, o apoio aos desempregados, com um novo subsídio, para quem estiver abaixo do limiar de pobreza. Tudo isto aponta para uma retoma comandada pela procura interna.
Para as empresas propõem a redução da taxa do IVA para os 13%, na restauração, mais uma vez em consonância com as posições tomadas enquanto partido da oposição. esta medida pode ter impacto na retoma do emprego.
Outra proposta foi a redução da TSU dos trabalhadores, de 11 para 7% ao longo de vários anos.
Está previsto um novo imposto sucessório, acima do milhão de euros, para financiar a segurança social.
Voltaremos a este assunto, logo que haja acesso a documentos escritos, que nos permita comparar as trajetórias de ajustamento e não só o enfoque principal das políticas uns centrados nas empresas e o outro nas famílias. para já o governo aposta no lado da oferta (suply side) e o PS numa retoma da procura (demand side), portanto, mais Keynesiano.

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