Resumo dos quadros do Medina Carreira de ontem na TVI

Ontem, dia 13/4, Medina Carreira apresentou a sua tese sobre a crise que se vive na Europa e EUA no século XXI.
A sua tese é que depois de crescer com médias acima dos 5% até à década de setenta e desde os anos 50, nas décadas de noventa e oitenta o crescimento abrandou na OCDE para um nível entre 2,5 e 3%.
Depois na primeira década do novo século o crescimento passou para uma média inferior a 1% em todo o mundo ocidental.
É esta redução brusca do crescimento que está na origem profunda da crise vivida após 2008.
A origem da crise foi manter-se um nível de despesa (associado ao estado social) que só era compatível com as anteriores taxas de crescimento e numa fase em que se tornava difícil subir impostos, porque têm vindo a crescer desde a crise petrolífera da década de setenta. Assim, as despesas tenderam a ser financiadas com recurso ao crédito, criando-se uma bolha que rebentou.
Assim, parece que o euro não tem um impacto significativo, pois se tivesse a crise seria um fenómeno exclusivamente europeu, que não é. Agora, os EUA têm uma economia mais flexível que permitiu uma recuperação mais rápida, que a da UE, onde a arquitetura do euro incompleta e a dificuldade de consensos para agir depressa, podem explicar o prolongar da crise na Europa.
Outra diferença importante entre a Europa e os EUA é o nível de fiscalidade não ultrapassar os 25% do PIB no segundo, enquanto na Europa em alguns países chegam ao dobro, isto é, aos 50% do PIB, sendo este um dos elementos da rigidez europeia.
Portugal teve um nível de fiscalidade da ordem dos 52% e reduziu com o programa de ajustamento para 46%, mas deve ainda reduzir mais 3 a 4%.
A crise deriva da globalização (hipótese a confirmar) com a perda de peso da indústria e da agricultura, onde em Portugal houve uma redução da ordem dos 50% do PIB para 20%, resultado da desindustrialização a favor da Ásia e ex-países do COMECON. Este fenómeno é também comum a todos os países, havendo países, contudo, como a Alemanha que resistiram melhor a este fenómeno e mantêm ainda uma indústria significativa.
Outro fator importante é que tipo de tercealização houve, se uma tercealização pouco produtiva ou uma tercealização apoiada na investigação e mais produtiva? Portugal seguiu o caminho de criar postos de de trabalho no turismo e não nas novas tecnologias de serviços.
Alertou ainda para as diferenças de fiscalidade entre os dois blocos económicos ser um problema na associação de comércio livre em negociação, desfavorável à Europa e que pode ainda produzir efeitos mais nefastos, se a associação avançar, agora com vantagem para os EUA.
Nota: registo feito de memória e portanto, com  dados que podem estar pouco exatos.

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