A discussão distorcida sobre o novo imposto sobre o imobiliário: erro político do BE

A vida política e económica portuguesa está virulenta nesta reentrée outonal do ano 2016, muito por culpa da proposta de um novo imposto sobre o imobiliário.
A esquerda quer tributar os mais ricos através de um novo imposto para o imobiliário, que deverá ser progressivo, a partir de um certo montante. A direita, brada aqui del rei que querem acabar com o investimento, na medida em que este imposto vai afugentar o investimento no imobiliário. O Presidente da República ao centro fala em equilíbrio entre justiça fiscal e a necessidade de o investimento ser acautelado.
Mas neste bate há erros crassos do BE que vem para a praça pública pressionar o governo e o PS, em vez de conduzir a negociação nos gabinetes e só falar sobre o assunto depois da medida apresentada em sede própria, reportando à posteriori a sua posição e dizendo quais as cedências que fez. Assim criou um debate sobre um tema de que se desconhecem os pormenores, sobre o montante a partir do qual incidirá o imposto (500.000 ou 1.000.000), qual a taxa a aplicar (que é central para se perceber o impacto), qual o montante da receita a arrecadar e que benefícios traz esta receita suplementar no orçamento em termos de maior equidade, mais despesa com as reformas, menos impostos sobre a classe trabalhadora, etc? 
Pela falta de elementos concretos o debate tornou-se puramente ideológico, com a ala direita do PS a referir que o partido se subjuga ao BE e o PSD a falar duma ministra das finanças sombra!
Concluindo, o debate está inquinado e levado para o terreno que a direita queria, o que me parece lamentável e um erro político do BE. Pelo contrário, o PCP ficou-se por uma declaração de princípios enquanto negoceia, o que parece exemplar. Esta coligação tem de acertar melhor a sua coordenação.

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