Lições das eleições francesas

Houve ontem mais umas primárias nas eleições francesas para a presidência da república e hoje é dia de se analisar os resultados.
O primeiro grande resultado é a erosão dos partidos do poder, socialistas e republicanos, que não estarão presentes na segunda volta, sendo o caso dos socialistas o que deverá merecer maior reflexão por não ter chegado aos 10%. Este resultado já aconteceu noutros países como na Grécia e também na Holanda. Na minha opinião esta erosão dos eleitores socialistas acontece quando o programa dos socialistas não se distingue das políticas de centro direita, centradas em regras rígidas de austeridade.
Há também uma votação de cerca de 40%, em Le Pen e Melanchón, que são votos contra a união europeia da atualidade, longe das necessidades e sentimentos dos cidadãos, ainda que à direita com ênfase na segurança e à esquerda na desigualdade de rendimentos ou na disparidade de sacrifícios exigidos, com uns a beneficiarem do mal dos outros. Há claramente uma erosão dos eleitores apoiantes da permanência na UE sem reformas, crescendo os eurocéticos, como já aconteceu com o Reino Unido, o que levou ao Brexit
Por sua vez, Macron consegue passar à segunda volta e deve reunir os votos suficientes para ser eleito, mas tem consciência de que a Europa precisa de ser reformada. Terá assim a última oportunidade de ser ator na reforma da UE pondo-a ao serviço dos cidadãos. A campanha para a segunda volta devia centrar-se na reforma que vai propor da UE. Se falhar Le Pen estará à espreita de nova oportunidade de obter um mandato em que reclamará por um Francexit. Mas estou sético que este candidato consiga fazer as reformas que a Europa precisa, pois, como ministro da economia, aplicou reformas neoliberais, não muito diferentes dos programas aplicados pela tróica, nos países intervencionados.
Conclusão, ou a Europa se se consegue reformar e responder às aspirações dos seus cidadãos e sobreviverá e essa vai ser a grande oportunidade de Macron, ou daqui a 4 anos estaremos a discutir a desagregação da UE.

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