O caso britânico: exemplo de políticas orçamentais que anulam a política monetária

 Nos últimos posts temos vindo a debater o impacto da política monetária, com os seus efeitos contracionistas devido à subida das taxas de juro, e como articular com a política orçamental e fiscal, quando se produz um superavit, como em Portugal, o que reforça o efeito contracionista da subida das taxas de juro. 

Trazemos agora o caso britânico, que em conjunto com uma subida dos juros, tem uma política orçamental expansionista que mais do que contrabalançou o efeito da política monetária. Estamos perante um pacote de cerca de 80 mil milhões de euros, com apoio às famílias e empresas, com ajuda na fatura energética, baixa de impostos, com um vigoroso choque fiscal. 

Ora no caso português defendíamos que podia haver défice orçamental, mas dentro dos 3%, na Inglaterra temos um défice muito mais acentuado, que levou a que os mercados financeiros deixassem de confiar na libra (esta diferença de ter moeda própria concede um grau maior de liberdade com a manipulação da política cambial), o que levou a uma desvalorização acentuada da libra, com os agentes económicos a vender libras por falta de confiança na economia britânica, mas com o governo de sua majestade a poder responder com o banco central a comprar moeda. 

Concluindo, é possível defender uma política orçamental expansionista, mas limitada, isto é dentro das regras dos 3%, mas se a política for muito mais expansionista será penalizada pelos mercados, com desvalorização acentuada da moeda (caso britânico) e subida dos juros (caso português, que não tem moeda própria e o mecanismo de desconfiança reflete-se exclusivamente nas taxas de juro).

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