O RIPA e os diretores

 Nestes dias chegaram às escolas os resultados das provas de aferição que veem confirmar os retrocessos já detetados no PISA nas competências dos alunos. 

O diretor Filinto apareceu logo a contextualizar vestes resultados: há pais, reparem na desculpabilização, que não deixam ir os filhos participar e não há consequências, porque estas provam não contam para a classificação do aluno, chutou para os pais e ministério.

Será que a culpa é dos pais ou será do ministério que tem desvalorizado a avaliação externa dos alunos, numa deriva de facilitismo? Ou será dos diretores que aderiram acriticamente às pedagogias da moda, como o Maia e à teoria da nova inspetora geral, Adriana Cosme, em que o fundamental é reconsiderar o "papel" do professor (a autora recusa, ao mesmo tempo, a visão instrucionista e a conceção do professor como mero "facilitador" e "mediador"), centrando-se na autonomia e flexibilidade curricular, ou seja, o professor tem de ter em conta as caraterísticas dos alunos, personalizando o ensino ao perfil do aluno (será possível em turmas de 28/30 alunos)?

Os diretores também não têm culpa cada vez que mandam repetir conselhos de turma porque as notas são inferiores a um certo nível (8 no secundário), ou no terceiro período porque há negativas, para não desmoralizar o aluno, criando os turistas escolares, que nada fazem, não são penalizados e perturbam o funcionamento das aulas?

Por outro lado, aparecem a dizer (Público e JN de dia 27/12) que vai haver uma crise de liderança, porque muitos atingem o limite de mandatos (200?), ganham pouco e estão sujeitos a quotas nacionais na avaliação. Isto não será manter o tacho sem se responsabilizarem e pedir um tratamento especial, optando por se situarem à parte do resto dos professores? Contudo, vejo aqui uma coerência se participam na desresponsabilização dos alunos, porque não hão-de ser também desresponsabilizados.

Concluindo, se o ministério é o principal responsável pelos problemas da educação, os diretores também o são pela aplicação acrítica das teorias educativas e pela atitude ativa de desresponsabilização dos alunos, em termos de sistema de avaliação dos alunos e na aplicação de medidas disciplinares aos alunos.

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