Programas eleitorais e avaliação externa na educação

 Alguns programas eleitorais continuam a defender a avaliação contínua como única forma de avaliação, isto é, o fim das provas de aferição e exames.

Acho que este tem sido um dos fatores que contribuiu para a degradação do ensino e é facilitadora. Em primeiro lugar porque não permite fazer comparações intertemporais. Se deixamos de perceber o que se passa com ao ensino, não podemos identificar os problemas, nem ter políticas corretivas. Em segundo lugar, a avaliação externa força os alunos a empenharem-se para se superarem, ou a ter ajuda, via explicações ou a criação de grupos de recuperação. Também é um caminho para uma avaliação mais objetiva dos professores e diretores, em vez da atual subjetividade, em que o resultado dos alunos não conta. Corrijo, até conta negativamente, pois os professores que assinalem alunos com pouca progressão, ficam sujeitos a ter reuniões de avaliação repetidas e ficam assinalados por diretores que querem apresentar bons resultados. 

Já agora, a organização do ensino deve abrir espaço a grupos de recuperação das aprendizagens, não como funcionam hoje, com os apoios desertos e a horas desincentivadoras. Quando isto acontecer estaremos a contribuir para acabar com os esquemas das explicações. Hoje fazemos o contrário, incentivamos as explicações, com o facilitismo reinante e a pressão para que não haja notas negativas. Porque um pai, que acompanhe os filhos, e verifica que tem avaliações negativas nas provas, mas que tem o suficiente, o 10 ou o 3, percebe que tem de pôr o educando nas explicações. É como na saúde, se o público não resolve o problema das pessoas, estas recorrem ao privado, se puderem. A dor não se apaga, mas uma má perfomance académica pode ser varrida para debaixo do tapete. Quem fica prejudicado é o aluno.

Também estamos a discutir se podem haver maus alunos, por sua vontade, deixemos de lado a questão da incapacidade. Ou se abraçamos o paradigma de que não há maus alunos, só maus professores. Cientificamente há vários fatores que influenciam os resultados em educação, mas reduzi-los à variável professor é ser pouco científico.

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