Revisão do plano de austeridade para Portugal.

Os últimos números conhecidos, nomeadamente a previsão da OCDE, aponta para um não cumprimento das metas do défice do Estado, particularmente em 2013, a par de uma revisão que aponta que se vai manter em 2013 o crescimento negativo de -0,9% (contra +0.6 do governo).
Estas previsões exigiriam mais austeridade. Ora, qualquer acréscimo de austeridade agravará a recessão económica e a recuperação tão desejada.
Os ventos de mudança que Hollande protagonizou, que foram reforçados no âmbito da cimeira dos G8, pode ajudar a mudar de atitude e em vez de mais austeridade poderemos ter programas que pelo menos incentivem o crescimento, como a hipótese de se financiarem investimentos aprovados pela Comissão Europeia com recurso a euro-bonds.
Além disso, seria importante flexibilizar o programa de ajustamento, não relevando quaisquer derrapagens em relação aos objetivos traçados: na prática seria dar mais um ano para se fazer o ajustamento.
Da avaliação feita do ajustamento pelo grupo de acompanhamento presidido pela Teodora Cardoso, destaco que ainda é do lado das receitas (em cerca de 70%), que se fez o ajustamento, sendo o restante diminuição das despesas públicas e grande parte desta redução foi corte nos salários. É aqui que acho que o governo está a falhar, ainda não resolveu o problema das rendas (só timidamente) na eletricidade, não acabou com os institutos e fundações, ou seja, ainda há muito para se fazer na redução de custos.
Por outro lado, a redução do investimento também foi considerada excessiva, e em vez de cortes no investimento, deveria era haver mais cortes no consumo do Estado.
Por outro lado, os cortes na educação (redução da massa salarial por redução de pessoal), está a agravar as condições de ensino / aprendizagem. Na saúde, há uma redução dos preços dos medicamentos e o afastamento dos utentes dos serviços, quer pelas taxas moderadoras, quer pelo preço dos transportes não urgentes, ou seja estamos a comprometer o Estado social, quando ainda nada se fez quanto às fundações e institutos. Também me parece positivo a redução das chefias no Estado.
Neste momento o essencial é haver consenso político para se relançar o crescimento, quer no país, quer na Europa, pelo que são decisivas as negociações PS/PSD e o encontro do Conselho Europeu do próximo fim de semana.

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