O debate sobre a independência da política monetária

Nestes últimos tempos os economistas que não pertencem à corrente dominante têm trazido à discussão elementos importantes para se construir uma política alternativa à austeridade seguida.
Primeiro falemos de Krugman e do risco de estagdeflação, isto é, crescimento negativo ou muito baixo, como acontece neste momento nas principais economias do mundo e taxas de inflação abaixo dos 2%, que é em geral o objetivo da política monetária.
 Este risco de fraco crescimento com reduções da taxa de inflação exige uma cooperação entre as políticas orçamentais e monetárias, o que vai contra o dogma monetarista da independência da política monetária. Outros autores, de que não me lembro o nome, defendem esta segunda tese, isto é em épocas de desalavancagem - redução do endividamento -, para a intervenção na economia ser mais eficiente, deverá fazer com que o Banco Central e os ministros das finaças cooperem, para da sinergia desta cooperação, possam sair políticas mais eficazes no combate à crise económica, numa altura em que os privados não reagem muito aos estimulos monetários devido ao endividamento entretanto alcaçado na fase ascendente do ciclo, pelo que a política orçamental deverá também ser usada para estimular a economia, isto sem o banco central deixar de estar atento à evolução das taxas de inflação, mas uma vez a taxa de inflação abaixo do seu objetivo, há margem de manobra para se considerar o estimulo ao crescimento económico.
Ora na Europa estamos muito longe desta postura de cooperação, com o BCE focado somente na taxa de inflação, ainda acima dos 2%, com a Comissão a impôr políticas nacionais restritivas para quem não cumpra a regra dos 3% de défice público, e sem que haja consensos pra se lançarem programas comunitários de estímulo à economia. Portanto na europa, além do programa do BCE de (ameaça) de compra de dívida nos mercados secundários para travar as especulações excessivas (já com o dedo de Dagrhi), está o BCE virado para o lado da inflação, seguindo o dogma alemão, a Comissão inoperante, sem capacidade de iniciativa para lançar programas de estímulo à economia -falou-se das redes transeuropeias de transporte - e os países do Sul, sózinhos, a aplicar planos de austeridade. Neste contexto estes serão de díficil execução com bons resultados.

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