O OGE2015 e a propaganda à sua volta

A maratona de 18 horas para se aprovar o OGE15 foi uma encenação para desviar a atenção dos verdadeiros problemas do país, o desajustamento entre despesas e receitas. O governo em 4 orçamentos só fez operações de cosmética, ao não concretizar a reforma da administração pública que permitia reduzir as despesas do Estado para um nível que fosse compatível com sacrifícios razoáveis dos portugueses. Como não o fez, ao realçar-se a dificuldade de coordenação entre PSD e CDS, com a tal reunião de 18 horas foi uma forma de desviar as atenções dos portugueses para o acessório, a compatibilização entre os dois partidos políticos da coligação, de forma a salvar a face aos dois, em vez de se centrar no essencial a impossibilidade da coligação em promover a reforma do Estado.
Neste compromisso, o CDS leva a possibilidade do IRS descer com crédito fiscal dependente do combate à evasão fiscal, a entregar em 2016, o PSD fica com os louros de não ceder ao seu colega de coligação e garantir um orçamento abaixo dos 3%.
Entretanto, enquanto se discute quem ganhou ou perdeu com o OGE 2015, não só se não fez a reestruturação do Estado, como se desvia a atenção dos problemas na educação, na justiça e a ética do 1º ministro no caso da tecnoforma.
O que é discutir a reestruturação do Estado? É discutir que forças armadas queremos, que educação queremos, que justiça queremos, que saúde queremos, que modelo de segurança social queremos, particularmente nas pensões dos cidadãos. Numa palavra um orçamento de base zero em que todas as despesas são discutidas e equacionadas. O governo recusa este debate para esconder o seu programa liberal, ao mesmo tempo que através de cortes proporcionais vai enfraquecendo o modelo existente e abrindo o caminho aos privados. Assim se engana os portugueses e se aposta na opacidade.

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