A crise e a ressurreição de Sócrates

A propósito do OGE de 2015, o PS ensaiou a ressurreição do engenheiro Sócrates, como alguém que tudo fez para evitar a intervenção da troica. É claro que o pedido de resgate foi uma solução de último recurso e que se tentou evitá-la com uma solução à espanhola, austeridade sem troica, com as PACs.
Também é claro que o PSD desejou a troica para poder passar as medidas impopulares neoliberais que não defendeu na campanha eleitoral, mas depois quis ir mais longe que a troica, o que prova que se aproveitou da crise para impor uma cartilha neoliberal.
Até aqui o PS tem razão, mas o Sócrates não deixa de ser culpado, por falta de visão estratégica de um político que estando na UE sabia que tinha de cumprir metas, como os 3% de défice e os 60% de dívida pública. Além do mais défices de dois dígitos e dívida excessiva são indicadores preocupantes com moeda própria e ainda mais sem moeda própria, a não ser que se acreditasse num apoio da UE, e se fosse o caso estamos a falar de ingenuidade.
Portanto o Sócrates foi ingénuo ou não estratega, o que para um político constituem pecados mortais, que devem impedir a sua ressurreição.
Será uma má estratégia reabilitar Sócrates sem se apresentar um programa alternativo ao do governo, que seja claro e vá de encontro à vontade de mudança, sem cair nos erros do passado.

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