Indícios da queda do regime

Os casos BPN, BES, vistos dourados e Sócrates, represem o fim de um regime promíscuo entre as finanaças e a política.
A origem de tudo isto está a crise financeira, que mostrou a ganância do mundo finanaceiro, com início em 2008, que trabalhava em regime de auto-regulação e sem rácios prudenciais aceitáveis. Claro que a esta situação não é alheia a ideologia neoliberal e a defesa da intervenção mínima do Estado, isto é do regulador, e no outro lado da moeda a crença na auto regulação dos privados.
Esta crise que foi mundial chegou a Portugal com os casos BPN e BES, aqui também com culpa dos reguladores, mas no primeiro caso a promiscuidade, levou a nacionalizar prejuízos dos bancos que deviam pura e simplesmente ter falido. Mas no caso português a promiscuidade política / alta finança, ainda impôs a nacionalização do BPN. Já no caso BES houve outra solução, que ainda pode recair nos contribuintes, mas em menor escala.
Mas o fim destas instituições bancárias e o fim do controle do BCP pelo governo, criaram condições para que os mecanismos de controlo funcionassem, quer porque os grupos de controle se distanciaram do poder, quer porque o próprio poder seviu na necessidade de se afastar dos escândalos financeiros. Ou seja, os comissários políticos deixaram de existir e a informação veio à tona.
Com esta nova situação, a justiça deixou de ter entraves políticos a fazer o seu papel e os casos vão-se sucedendo e vêm a público os casos dos vistos dourados, Monte Branco e Sócrates, para falar dos mais importantes.
Concluindo, foi a fraqueza do setor financeiro que pôs a nu as relações com a política e permitiu o fluxo de informação que permitiu à justiça fazer o seu caminho e apanhar nas malhas da justiça peixe graúdo. O sacrifício decorrente da austeridade também tornou todos os agentes sociais mais exigentes e menos tolerantes com a corrupção.

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