Grexit

Por estes dias a Grécia e UE andam numa negociação desenfreada para tentar chegar a um acordo antes da data para a Grécia não falhar o pagamento ao FMI no final desta semana.
A Grécia e  o Syrisa resistiram à ameaça de falharem o pagamento e levaram a negociação até à data limite dizendo que querem ficar no euro mas não aceitam a ultrapassagem de certos limites sufragados nas urnas. Mesmo numa posição economicamente frágil, mas sustentada politicamente nas urnas procuram um acordo sem cederem nas chamadas linhas vermelhas, como cortes de salários e pensões.
Por sua vez a UE apresentou uma unidade e insistiu na receita que vinha sendo aplicada, quer na Grécia, quer na Irlanda, quer em Portugal. Alegando que os outros dois países resolveram os seus problemas e já regressaram aos mercados. Esta posição não admite uma análise crítica do modelo seguido, nomeadamente relativamente à pobreza criada pelos ajustamentos efetuados. Mesmo o Medina Carreira criticou estes ajustamentos por terem sido feitos num tempo demasiado curto, isto é, foi uma terapia de choque que afetou bastante o doente, principalmente na componente social.
Não sei o que se passa nas negociações mas a posição da UE sem procurar ajustar o seu programa em face dos resultados já comprovados na área social, parece-me excessiva e uma espécie de finca  pé político contra os ventos de mudança que se sentem em vários países, além da Grécia. Espero que o bom senso vença.
Além disso não deveremos ignorar a importância estratégica da Grécia numa área cada vez mais instável, o norte de África. Veremos se é este argumento político que prevalece ou o castigo para partidos desafiadores do sistema como o Syrisa. Como disse hoje o António Vitorino se a Grécia sair este seria o primeiro passo para uma Europa e euro só dos países ricos, que não é também a minha Europa.

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