A criação de um banco mau para o crédito mal parado

A ideia foi de Costa, o outro Costa secundou o primeiro, os bancos rejubilaram. Como vai ser para o contribuinte?
Não é fácil dar uma resposta a esta questão, mas deve haver impacto no défice e na dívida. Vejamos, cria-se uma instituição para comprar o crédito mal parado. Desde logo é preciso recursos financeiros para o capital, no caso italiano foram em parte privados e em parte estatais. Se houver dinheiro público há desde logo impacto nos contribuintes, se for da associação de bancos, como a Caixa entra, haverá também dinheiros públicos. Os créditos são vendidos a desconto, como aconteceu com o Banif, onde os ativos foram transferidos com cerca de 1/3 do seu valor, ou seja desvalorizaram 2/3.
Se os créditos ultrapassarem o valor do capital da instituição pode ser exigido ao estado que garanta o crédito a obter para financiar as compras de crédito mal parado.
Haverá sempre um impacto nas contas públicas. Mas esta operação justifica-se?
Resolver o problema bancário para a economia poder financiar o seu crescimento é o papel da banca, direi mais é o seu serviço à economia, pelo que é aceitável que o Estado intervenha para o garantir. Justifica-se, pois, a iniciativa para resolver um problema no presente que se pode agravar no futuro. Desde ponto de vista é uma boa iniciativa do governo.
Qual o montante em causa? Fala-se em cerca de 20 mil milhões de euros em crédito deste tipo no balanço do sistema bancário, pelo que a instituição teria de ter um capital de 3 a 6 mil milhões. Ou seja cerca de 2 a 4 % do PIB. Portanto, esta operação poderá ter um impacto sério no orçamento. O ideal será ser uma solução privada, mas será que há empresas interessadas?
Ainda há muitas interrogações e zonas cinzentas neste esboço de projecto, aguardemos o seu contorno final, mas foi uma boa iniciativa para resolver um problema existente, que pode agravar-se no futuro, mas há que evitar uma nacionalização de prejuízos da banca.

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