Um comentário sobre o Brexit

O brexit é a saída do Reino Unido da UE. Desde logo o Reino Unido não foi fundador da CEE por opção própria, nomeadamente a sua resistência a um espaço supranacional com governo próprio, preferindo e promovendo a EFTA como alternativa de integração económica que não tinha órgãos supranacionais e se baseava somente em tarifas aduaneiras preferenciais, sem pauta exterior comum.
Quando aderiu em 1973, o seu acordo de adesão, teve uma série de políticas que não se aplicariam ao RU, como o caso da política social, que na altura não passava de uma carta de intenções e nunca evoluiu para uma política comum. Quando da criação do euro, voltou a ficar de fora na defesa dos interesses da City, ou seja, da praça financeira de Londres. Recentemente houve nova negociação e conseguiram não aplicar uma série de medidas relacionadas com a imigração e aplicação de direitos a imigrantes.
Desta breve história, pode-se concluir que querem estar na UE, mas com importantes excepções aos tratados e políticas comuns. Ou seja, querem beneficiar do sucesso (que escaziou a EFTA) da CEE/UE, mas manter alguns privilégios. A Europa foi cedendo a muitos dos seus caprichos, para fortalecer o bloco europeu e afastar o RU dos seus tradicionais aliados, os EUA. Como cidadão de um país pequeno, acho estranho a exigência para com Portugal e as facilidades com o RU, mas se calhar geoestrategicamente justifica-se que o RU tenha um pé dentro, e que este seja um processo em que mais tarde o RU aderirá plenamente se a construção europeia continuar na senda do sucesso. Mas, entretanto, o RU vai sabendo aproveitar a fraquezas europeias e seguindo o seu interesse nos compromissos que abraça ou que exclui.
Concluindo, o Brexit, pode ser um sinal dos tempos, o RU aproveitar uma crise europeia para conseguir mais excepções às políticas comuns, ou pode ser um afastamento definitivo da ilha do continente, porque os seus cidadãos podem achar que mais vale estar próximos dos EUA e longe duma europa em crise, além de questões ideológicas como a aversão aos orgãos supranacionais, que vem desde a década de 50.

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