A problemática dos incêndios

Não sou especialista na matéria, pelo que não vou entrar em muitos detalhes técnicos, mas mesmo assim vou dar a minha opinião de leigo.
O problema dos incêndios estão estritamente ligados ao abandono do mundo rural, principalmente no que se refere à pouca rendibilidade da economia florestal. Assim o essencial é fazer reformas que criem valor na floresta (sem ser à base do eucalipto que parece ter um efeito ambiental perverso), aqui parece-me positivo, ainda que insuficiente, a implementação de centrais de biomassa e o seu uso par produzir eletricidade. Também é importante o ordenamento do território e da floresta com uma multiplicidade de espécies, com primazia para as autóctones, que tornem mais difícil o fogo de propagar-se. Para tudo isto ser possível é necessário criar unidades de gestão florestal que licenciem o uso de solos e espécies a implementar nesses solos.
Mas o mundo rural não é só floresta, também é agricultura e pecuária, tudo enquadrado num ordenamento territorial que dificulte a propagação de fogos. Os planos diretores municipais devem fazer esta gestão.
O essencial é pois voltar a apoiar a fixação de populações no mundo rural através da valorização da agricultura, da pecuária e da silvicultura, com exceção das atividades não amigas do ambiente, como, a título de exemplo negativo, a produção suinícola sem tratamento dos efluentes e o uso extensivo do eucalipto.
Depois disto é necessário pensar no combate, com meios aéreos controlados pela Força Aérea, participação do exército, na vigilância e rescaldos, melhoria das comunicações, profissionalização de uma parte substancial dos bombeiros (estes também a ser usados na limpeza das matas, onde a atividade económica florestal não cria valor suficiente para ser rentável). A separação de funções dos voluntários para o apoio às populações pode ser positivo dada a ligação dos bombeiros com as populações da sua área, mas aguardarei pela experimentação desta medida.
Concluindo, estas orientações não foram todas contempladas pelo governo, que foi tímido na articulação das partes, floresta, agricultura e apagar os fogos, ainda que haja concretizações de ideias em falta à espera do grupo de missão. Mas, reconheço que houve avanços uns mais tímidos e outros bastante positivos. Aguardemos pelo que falta concretizar e pelo funcionamento do novo modelo para se fazer um balanço mais definitivo.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Vantagens e desvantagens do FMI

A conflitualidade de objetivos de política económica

A minha experiência com a estomatologia (análise económica).