Rescaldo das eleições autárquicas

Já passaram 48 horas depois de conhecidos os resultados eleitorais, o que me permitiu refletir e chegar às seguintes conclusões:
1. O PS foi o grande vencedor das eleições, tirando partido da estratégia governativa seguida. A mensagem de que o PCP e o BE é que puxaram o PS para as medidas de recuperação do rendimento não passaram. O eleitorado vê no PS o grande obreiro da governação e olha os partidos mais à esquerda como apêndices necessários, mas não decisivos deste governo.
2. O PSD foi um dos perdedores da noite, porque não tem tido linha estratégica, porque a sua mensagem de que depois de nós o diabo foi desmentida pela realidade. Esta situação nacional teve reflexos negativos em alguns concelhos onde perderam câmaras, sem que o trabalho autárquico o fizesse prever.
3. O CDS tirou dividendos de ter descolado da estratégia do PSD, procurando ter propostas alternativas e construtivas. A democracia cristã aparece mais à esquerda que o liberalismo do PSD, que meteu a social democracia na gaveta, justamente porque ignorou o lado social. Os resultados de Lisboa são compatíveis com esta tese.
4. A CDU, porque não conseguiu passar a mensagens de elemento motor da geringonça na viragem à esquerda, foi penalizada, sendo outro dos perdedores, com as perdas de Almada e Évora, para só referir as mais importantes. Na história europeia aconteceu algo comparável com o PS Mitterrand, que ao ter políticas mais à esquerda levou ao desaparecimento do PC francês. Esta situação vai condicionar o PCP para o futuro, mas julgo que esta legislatura chegará ao fim. A subida eleitoral do BE, também ajudou ao retrocesso do PCP.
5. O BE subiu em relação às últimas eleições, mas sem alterações significativas, ou seja esta subida não teve resultados qualitativos, excetuando a eleição de um vereador em Lisboa. A sua mensagens de motor das mudanças também não passou para o eleitorado.
6. Como candidato em zonas rurais, onde o BE tem votações inferiores a 5%, acho que deveria haver só uma candidatura ou do BE ou do PCP. Por exemplo para a assembleia municipal em Fafe, os dois ficaram sem eleger um elemento, perdendo a CDU, o eleito que tinha. Mas a ortodoxia do PCP não facilita esta atitude.

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