A política de passes sociais é eleitoralista?

O governo lançou recentemente uma política de passes sociais que reduz o custo destes nas zonas urbanas de forma acentuada.
Faz sentido esta política? Faz do ponto de vista ambiental, pois o recurso a transportes públicos fará baixar a libertação de gases com efeito estufa. Faz sentido do ponto de visa económico/social, pois os trabalhadores terão os seus custos mensais em transportes desagravados de forma significativa, o que fará aumentar o poder de compra do seu salário nominal, uma vez que ao se reduzir os custos de um item fica disponíveis mais recursos para outros itens, nomeadamente o que um recente inquérito mostrou que são despesas que ficam para trás como o dentista e a reparação do automóvel. Como Sraffa mostrou se os transportes fizerem parte do cabaz básico ao diminuir o custo do cabaz básico aumenta o rendimento das famílias.
Mas esta política é eleitoralista? Pode ser se for usada e implementada próxima de atos eleitorais, como é o caso deste ano de 2019 com duas eleições: parlamento europeu e nacional. Mas, a ciência já provou que as políticas económicas são influenciadas pelos ciclos eleitorais, havendo medidas restritivas no início do mandato e medidas mais populares no fim dos mandatos.
Concluindo esta política faz sentido do ponto de vista ambiental e económico/social, mas no momento em que foi aplicada visa também ter um efeito eleitoralista. Pode-se dizer que veio tarde esta política, para ter efeitos eleitorais, ao privilegiar as áreas urbanas mais populosas (numa altura em que Porto e Lisboa ganham deputados ao interior), mas faz todo o sentido. 

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