O caso do sistema financeiro português: falta a sua reforma

A seguir à crise de 2008 houve problemas em alguns bancos muito expostos a ativos tóxicos. Em Portugal os problemas nos bancos foi abrangente, excetuando o BPI. Além de uma exposição a ativos tóxicos internacionais a política de crédito foi muito pouco rigorosa, aparecendo nos dez anos seguintes as imparidades decorrentes destes créditos mal parados. 
A particularidade da crise bancária em Portugal, foi ter-se arrastado no tempo as consequências da crise, numa ação deliberada de esconder os problemas ou retardá-los. Não entendo esta política de esconder para fugir à accountibility, porque a verdade é que os problemas acabaram por vir à tona, mesmo passados anos. Outra caraterística da crise bancária em Portugal é transferir o custo para os portugueses, não responsabilizar os dirigentes, com a total cobertura do Banco de Portugal, o supervisor, que teve também falhas e tem também todo o interesse em que a verdade se saiba a conta gotas para diluir as suas responsabilidades.
Por outro lado, não se conhecem reformas  num sistema que não funcionou, excetuando algumas muito tímidas, ou a ameaça de demissão do governador do BdP.
Assim, temos um sistema financeiro português pouco fiável, sem reformas de fundo, depois de uma crise que pôs a nu as suas debilidades, mas quando a opinião pública aperta lá se faz alguma coisa avulso. Para se fazer uma reforma séria é tempo de se fazer um livro branco desta crise, da atuação dos bancos e do supervisor, para que se possa mudar o sistema. É também tempo (já vai tarde) de a justiça funcionar e responsabilizar os intervenientes neste descalabro. A verificação da idoneidade de que foi responsável pelos desmandos é um caminho feito a conta gotas, com os principais intervenientes ainda de fora. Aja coragem.
Do outro lado da moeda, em contraponto a haver sempre dinheiro para o sistema financeiro, há uma política restritiva na melhoria do nível de vida dos portugueses, dando-se migalhas aos trabalhadores e a fatia de leão aos bancos.

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