A questão dos exames em educação e o défice do Estado


A defesa dos exames surgiu ligada a uma ideologia de direita, como forma de seriar os alunos, de forma justa, isto é, sem o elemento subjetividade, dada pela diversidade de professores e formas de ensinar e como forma de controlar o nível de ensino, neste caso como elemento necessário à gestão escolar. As provas de aferição resolvem este último problema, pois a gestão continua a ter indicadores para atribuir turmas pelos melhores professores. Aqui o problema é outro, será que a gestão prefere continuar com os mesmos professores por uma questão de compadrio ou de amizade? Entramos, assim, no modelo de gestão, que parece não estar em cima da mesa.
Sobre o seriar os alunos, sabemos que o básico não tem contributo para isso, pelo que não se justifica os exames neste nível. Além disso, parece que os exames introduziram um enviesamento na forma de ensinar, em que se ensina para se ter aproveitamento nos exames, tornando-se os exames o centro do ensino, o que me parece errado. Por outro lado, o sistema de exames reforça o capital cultural das famílias e os que têm poder económico podem ainda reforçar o ensino de preparação para os exames através de explicações.
 Desmontados os principais argumentos a favor dos exames, resta salientar que as provas de aferição nos anos em que surgem dão margem de manobra para se apoiar alunos que necessitam deste apoio, pois realizam-se antes do ano terminal de ciclo, haja vontade da gestão e a disponibilidade de meios pelo ministério. São estes elementos que importa garantir para o modelo ter potencialidades e isto não está garantido.
Concluindo, esta reforma parece-me no caminho certo, haja uma gestão que leve em conta os resultados das provas de aferição na escolha de recursos humanos e disponibilizando meios para os apoios que forem necessários. Ao nível macro, ao governo cabe criar meios à disponibilidade das escolas para acompanhar os alunos que necessitam de apoio acrescido.
Para mim a reforma fica limitada sem novo modelo de gestão e novos meios para apoiar os alunos, o que significa mais dinheiro, que não parece existir, pois continuamos condicionados pelo défice inferior a 3% e pelos juros pagos pela dívida insustentável que retira meios que podiam estar a ser gastos na educação e na saúde, reforçando-se o estado social.

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