Regras cegas no euro.

Nas conferências do Estoril Stiglitz veio dizer que o euro estabelece regras cegas como a norma do défice não exceder os 3% do PIB. Disse mais, estas regras foram criadas por um outro motivo, se calhar teológico relacionado  com a fé, que não o económico.
De facto esta regra faz mais parte de um dogma do que da ciência económica. Na ciência económica reconhece-se até o efeito benéfico de um défice, desde que a conjuntura assim o exija, como no caso das situações de crise e mais ainda em ocasiões de crises acentuadas. Também se reconhece que os défices aumentam a dívida pública e que se esta atingir um certo patamar podemos ter uma crise de financiamento externo. Assim a teoria económica relativiza as situações em função do contexto, o que não é compatível com regras rígidas.
Concluindo faz sentido fazer uma análise casuística em vez de haver normas rígidas e é este o caminho que se deve percorrer na reforma da arquitetura do Euro.
Dito isto, importa reconhecer que os défices de cerca de 10% após a crise de 2008, foram exagerados, mesmo numa situação de crise bastante acentuada, porque o endividamento do país já apresentava alguma preocupação e porque veio desbaratar um esforço de reduzir o défice que foi feito antes da crise.


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