A Itália voltou a colocar no debate europeu a questão dos refugiados.

O problema dos refugiados é acima de tudo uma questão humanitária. Se os valores humanitários prevalecerem, tem de haver uma solução para esta questão. A solução de curto prazo é recebê-los, a longo prazo estabilizar as regiões de África de onde são oriundos e promover o desenvolvimento das mesmas.
Dito isto, é evidente que este fardo tem recaído sobre os países do sul da Europa, como Itália, Grécia e Malta, porque apesar dos acordos para redistribuir os imigrantes/refugiados, há países que não têm recebido as quotas acordadas, com medo da subida do populismo. Por exemplo a França, só recebeu cerca de 10% do acordado. Falo da França, mas poderia falar de muitos outros países, onde o populismo xenófobo chegou ao governo, ou onde há medo de que chegue.
A verdade é que a construção europeia só avança e se reforça com solidariedade entre os países. Ora esta questão dos refugiados exige solidariedade dos países mais longe do mediterrâneo central com os países que recebem os refugiados pela proximidade das suas costas a África. Aqui a Itália tem razão é preciso solidariedade para com os países na linha da frente deste problema. A Itália fez bem em dar um murro na mesa, mas infelizmente deixando de cumprir normas internacionais de solidariedade, como deixar aceder os refugiados aos portos mais próximos. Ou seja, é preciso pôr a Europa a debater e a resolver em conjunto a questão dos refugiados, ainda que o pretexto italiano só podia ser usado por populistas e foi infeliz ou mesmo inapropriado.
Concluindo, na questão dos refugiados se não houver solidariedade europeia, estaremos a colocar mais um prego no caixão da UE. Numa conjuntura de Brexit, diminuição dos fundos europeus, deve-se evitar que surjam mais  problemas que façam crescer o número de eurocéticos. A questão dos refugiados é pois, perigosa para a coesão europeia, se não for resolvida rapidamente com solidariedade entre todos os países, porque pode fazer aumentar os eurocéticos. Nada fazer é adiar os problemas à espera que eles expludam com efeitos imprevisíveis e mais nefastos.

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