Será que a Europa caminha para uma mini crise?

Há dois problemas que podem desencadear turbulência na UE, o Brexit e o orçamento italiano.
O Brexit sem acordo vai prejudicar todos, ingleses e restantes europeus. Se houver acordo os efeitos negativos serão mitigados, mas haverá consequências ao nível do comércio, dos serviços financeiros e dos emigrados em ambos os blocos. Tudo isto pode traduzir-se numa desaceleração do crescimento do PIB, mais no Reino Unido do que na Europa a 27.
A consciência de que pode haver uma desaceleração acentuada do PIB levou à manifestação do último fim de semana em Londres com uma participação negativa e ao movimento para se referendar o acordo ou não acordo uma vez as negociações estejam concluídas, com uma opção de se anular o Brexit, que é uma forma de se pedir um segundo referendo. Começa a haver consciência dos perigos para as economias do Brexit a que as economias dos 27 não ficarão imunes. É importante referir que a Escócia desde sempre não alinhou com a aventura dos conservadores, que também estão cada vez mais divididos.
O orçamento italiano pode ser também um problema que vai afetar toda a UE porque pode abrir uma crise institucional bastante profunda. Pela primeira vez na história da UE um orçamento nacional foi regeitado pela Comissão. Haverá de seguida um braço de ferro entre a Comissão e Itália que não se sabe como termina, se com a cedência de Itália se com sanções para a Itália (com a diminuição de fundos comunitários?). Pessoalmente acho que a UE não aproveitou o período de crescimento económico para fazer reformas que melhorassem a arquitetura europeia que tem uma política monetária comum mas tem mecanismos insuficientes no lado da política fiscal e orçamental (já houve propostas para um orçamento comum, para bonds europeus, ou seja menos nacionalismos e mais federalismo nesta política económica). Nesta altura se tivesse havido reformas poderia haver esta posição italiana, mas teria efeitos menos gravosos. Pode ser que desta crise haja abertura para alterações institucionais, porque é mais difícil impôr soluções austeritárias a um país com o peso de Itália, a terceira maior economia da UE a 27, do que foi a pequenos países como Grécia, Portugal, Irlanda e em menor escala Espanha. Ou seja, a solução pode ser uma fuga para a frente com alterações institucionais que beneficiem todos os que tiveram problemas.
Estes dois problemas justificam a hipótese da existência de uma crise Europeia, agravados com o protecionismo americano e a subida das matérias primas energéticas. Estejamos atentos.

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