O custo da eletricidade mais caro o triplo em Portugal em relação a Espanha
É hoje notícia no JN que os impostos em Portugal sobre a
eletricidade são o triplo de Espanha. Esta notícia também compara os
impostos com os outros países da UE, mas fiquemos-nos pela Espanha.
Todos sabemos que Portugal tem crescido pouco acima dos 2%, que já
é um crescimento razoável. Este crescimento tem sido possível por dois
motivos, um externo, via procura externa, resultado de uma
conjuntura favorável de crescimento na Europa, que está a definhar como o
mostra o crescimento negativo alemão no 3º trimestre, a que os juros baixos
ajudaram. O outro motivo, é interno, a política de recuperação de
rendimentos e seu impacto na procura interna.
Costuma-se dizer que é na altura de expansão do ciclo económico
que há necessidade de alterarem aspetos menos positivos do funcionamento da
economia. É aqui que entram os custos de contexto de competitividade da
economia portuguesa, sabendo nós que o preço da eletricidade é decisivo
para a concorrência empresarial, diretamente e indiretamente via custos da mão
de obra, pois ao baixar-se o custo da eletricidade aumenta-se também o
rendimento disponível das famílias - além do impacto social sobre as famílias
na medida em que a eletricidade é um bem essencial.
Ora, se temos o triplo de impostos sobre o preço da eletricidade
em relação a Espanha isto corresponde a uma dificuldade das empresas,
individualmente, e da economia, no seu todo, serem competitivas na resposta à
procura externa onde somos concorrentes da Espanha. Sabemos que o mesmo se
passa com o preço dos combustíveis, mas aqui está prevista uma redução de 3
centimos na gasolina de pouco impacto nos negócios, mas justificada
ambientalmente.
Assim, tivemos uma janela de oportunidade de melhorar a nossa
competitividade via diminuição do custo da eletricidade, com os 8 trimestres de
crescimento, que não foram aproveitados. Sei que a opção foram os rendimentos,
mas impostos sobre a eletricidade também têm impacto sobre os rendimentos, mas
seria também uma forma de melhorar a competitividade das empresas, logo com um
efeito de mais longo prazo.
Concluindo perdemos a hipótese de conseguir o 2 em 1 com a
diminuição dos impostos sobre a eletricidade, o aumento do rendimento
disponível das famílias e o aumento da competitividade das empresas. Esta opção
pode ter uma justificação, o financiamento da transição energética para uma
produção mais amiga do ambiente, tal como acontece em França, o que levou à
revolta dos coletes amarelos. Não sei se isto aconteceu ou simplesmente
prevaleceu a lógica orçamental, pois não sou especialista em energia.
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