Esta semana o governo anda em campanha

Sabemos que os orçamentos deste governo recuperaram rendimentos, mas foram tímidos com o investimento público. Esta semana o governo avançou com uma campanha para alterar esta representação nos eleitores.
Primeiro foi a visita a obras na ferrovia, com o anúncio de novas automotoras. O problema é que desapareceram deste concurso as automotoras de longo curso (estará implícito a privatização das linhas de longo curso, as mais rentáveis?). Não se resolve o problema da alteração da bitola ibérica para a bitola europeia, acompanhando e tornando possível a ligação às novas redes espanholas com ligação à Europa.
Depois foi o anúncio do aeroporto, em que o governo surge como corajoso porque resolve um problema de 50 anos, decidindo-se pelo portela +1, neste caso com o Montijo. Esta solução compreende-se pelo seus custos nulos para o erário público, mas como disse o Jerónimo com a sua parábola do apeadeiro, parece-me uma solução para 2 ou 3 décadas, portanto limitada no tempo. Por outro lado a assinatura do acordo sem o estudo de impacto ambiental, visa possibilitar a expansão da portela, que interessa à ANA e à  TAP. Portanto é uma solução à medida dos interesses destas duas empresas, sem sentido estratégico de longo prazo.
Hoje, anuncia-se mais investimento no metro, com a criação da via circular em Lisboa, aproveitando o Ministro do Ambiente para realçar o alcance do reforço dos transportes públicos na diminuição da poluição, com a consequente diminuição do uso do transporte privado. Mas se isto é verdade para o Metro, também é verdade para a ferrovia, principalmente nas ligações de longo curso, onde não houve coragem de definir uma estratégia. Além disso, as ligações ferroviárias de alta velocidade em Espanha diminuíram a utilização dos aeroportos, não se vendo em Portugal uma visão integrada de todos os meios de transporte. O que se vê é a valorização do transporte aéreo em detrimento da ferrovia.
Concluindo, há uma ofensiva de propaganda do governo para alterar a perceção dos eleitores em relação ao pouco investimento público, mas sem uma visão integrada para os transportes e favorecendo os monopólios existentes e com duvidosos efeitos ambientais, excepto no reforço do metro.

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