O ano de 2019 vai aprofundar desafios: populismo, nacionalismo e desregulação do mercado do trabalho

No ano de 2019 perspetivo que muitos dos desafios latentes se vão tornar realidade. O principal desafio global é a subida ao poder dos populistas, com uma vertente nacionalista, que vai atrasar ou congelar a globalização e o multiculturalismo. Por paradoxal que seja isto poderá levar à reversão tímida da desregulamentação do mercado do trabalho, pois pontualmente os nacionalistas preocupam-se com os nacionais trabalhadores. A vertente ambiental vai entrar também numa fase quase sem melhorias, apesar de serem cada vez mais evidentes as alterações climáticas para todos. Há, contudo, uma janela de oportunidade, se a indústria automóvel introduzir uma tecnologia amiga do ambiente a baixo preço que se vai generalizar. Esperemos que esta oportunidade se concretize em 2019 em força, contudo, tudo indica que acontecerá o contrário, vai continuar a ser cautelosa, com a nova tecnologia a ser lançada nos segmentos médio/alto porque o preço é proibitivo da sua massificação.
Na Europa além do populismo, o grande desafio, já consequência deste populismo, é o Brexit. Sem acordo os danos não serão controláveis, mas todos sofrerão, mas o Reino Unido vai ser fustigado seriamente. Há ainda hipótese de o acordo ser aprovado ou mesmo haver um segundo referendo que reverta o Brexit. O cenário mais provável é a May conseguir o acordo, com a alteração de posicionamento de alguns deputados influenciados pelos seus eleitores. O facto de Corbyn ser um euro-céptico não facilita a existência de novo referendo, mesmo com 70% dos trabalhistas a serem favoráveis a esta solução.
Macron na França tem uma agenda federalista centrada na defesa dos interesses do capital financeiro, mas de aspetos positivos no que respeita ao reforço da construção europeia, que ficou enfraquecida com os seus problemas internos. Os franceses já o obrigaram a olhar para a classe média, mas à custa do orçamento do Estado, sem mexer nas leis laborais que favorecem a precaridade, como convém ao capital. Veremos se vai manter a sua postura federalista na Europa e se muda ainda mais a sua postura interna pressionado pela rua, tomando medidas que protejam os trabalhadores, sendo obrigado a olhar para uma classe média trabalhadora com perda acelerada do poder de compra nos últimos anos.
Outro grande desafio europeu são as eleições, que podem aprofundar o populismo ou mostrar o início da inversão desta situação.
Concluindo, há ainda muitos desafios para a economia mundial, ainda que também já estejam presentes muito dos seus antídotos, como a subida dos democratas e a sua maioria na Câmara dos Representantes, a possibilidade de acordo no Brexit ou mesmo de um segundo referendo, esperando que as propostas positivas de Macron para a Europa se concretizem e os trabalhadores imponham na rua uma mudança de política fiscal e laboral mais amiga dos trabalhadores, a possibilidade da tecnologia resolver os problemas ambientais, etc. Nesta dialética entre os desafios e as suas soluções esperemos que 2019 nos traga mais soluções para os desafios do que o aprofundar dos desafios.

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